Tabagismo matou 7,7 milhões de pessoas no mundo em 2019
28 de mai. de 2021, 11:43
— Lusa/AO Online
As
estimativas são divulgadas pela revista médica The Lancet, que publica
três estudos com dados sobre a prevalência do tabagismo em 204 países,
em homens e mulheres com 15 ou mais anos, incluindo idade de iniciação
ao consumo de tabaco, doenças associadas e riscos entre fumadores e
ex-fumadores. Impostos mais altos sobre o
tabaco, fim da adição de sabores, como mentol, em todos os produtos
contendo nicotina, proibição da publicidade ao tabaco na internet,
incluindo nas redes sociais, e mais espaços livres de fumo são medidas
apontadas para prevenir o tabagismo entre os mais jovens.Os
estudos, sintetizados num comunicado da The Lancet, são publicados em
vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala na segunda-feira.A
China lidera a lista dos 10 países com mais fumadores em 2019,
totalizando 341 milhões de consumidores de tabaco: um em cada três
fumadores no mundo vivia há dois anos na China.Depois
da China, seguem-se Índia, Indonésia, Estados Unidos, Rússia,
Bangladesh, Japão, Turquia, Vietname e Filipinas. Juntos, estes países
representam quase dois terços da população de fumadores mundial. Cerca
de 87% das mortes mundiais associadas ao fumo do tabaco ocorreram entre
fumadores ativos. Apenas 6% dos óbitos envolveram pessoas que tinham
deixado de fumar há pelo menos 15 anos.Em
2019, o tabagismo esteve ligado a 1,7 milhões de mortes por isquemia
cardíaca, a 1,6 milhões de mortes por doença pulmonar obstrutiva
crónica, a 1,3 milhões de mortes por cancro da traqueia, brônquios e
pulmão e quase um milhão de mortes por acidente vascular cerebral. Segundo
estudos anteriores, pelo menos um em cada dois fumadores de longo prazo
morrerá de causas diretamente relacionadas com o tabagismo, sendo que
os fumadores têm uma esperança média de vida 10 anos inferior à dos que
nunca fumaram.Globalmente, um em cada três homens e uma em cada cinco mulheres fumava, em 2019, o equivalente a 20 ou mais cigarros por dia.De acordo com as estimativas divulgadas pela The Lancet, no mesmo ano havia 155 milhões de fumadores entre os 15 e os 24 anos.Em
países como Bulgária, Croácia, Letónia, França, Chile e Turquia e na
região autónoma dinamarquesa da Gronelândia, mais de um em cada três
jovens fumavam. Índia, Egito e Indonésia
registaram os maiores aumentos no número de homens jovens fumadores,
enquanto Turquia, Jordânia e Zâmbia os maiores aumentos no número de
mulheres jovens fumadoras, uma vez que "o progresso na redução da
prevalência do tabagismo não acompanhou o aumento da população",
acentuando o crescimento de fumadores jovens. Mundialmente,
em média, as pessoas começam a fumar regularmente aos 19 anos. Na
Dinamarca, país mais "precoce", a idade média é os 16,4 anos e no Togo,
por oposição, é os 22,5 anos.Na maioria
dos países, a idade mínima legal para comprar tabaco é os 16 ou 18 anos.
Nos Estados Unidos, Uganda, Honduras, Sri Lanka, Samoa e Kuwait é os 21
anos. Um dos estudos estima que 273,9
milhões de pessoas usaram em 2019 tabaco de mascar (tabaco moído), que
aumenta o risco de cancro oral, sendo que 83% residiam no sul da Ásia. O
país "campeão" no consumo de tabaco de mascar é a Índia (185,8 milhões
de consumidores, que representam mais de metade dos utilizadores à
escala mundial).Face aos números, os
autores do estudo alertam para a necessidade de "regulamentações e
políticas mais fortes" para travar a alta prevalência deste consumo em
alguns países asiáticos.No comunicado, a
revista The Lancet adverte que os três estudos apresentam limitações,
como o facto de os efeitos do tabagismo na saúde não incluírem o fumo
passivo e os dados não englobarem o consumo de cigarros eletrónicos ou
produtos de tabaco aquecido.