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Sustentabilidade não pode ser entrave ao desenvolvimento do turismo nos Açores

O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, Marcos Couto, defendeu que a sustentabilidade tem de ser vista como uma alavanca do turismo nos Açores e não como um travão.


Autor: Lusa/AO Online

“Teremos de ter um destino sustentável em 2030, sem que essa sustentabilidade seja um entrave ao nosso desenvolvimento, mas também sem perder este fortíssimo cunho que a natureza tem no nosso destino. É um equilíbrio difícil de encontrar. Temos de adicionar a estruturação da oferta, tendo por base o potencial de cada uma das ilhas e aquilo que elas podem trazer ao todo da promoção açoriana”, afirmou.

Marcos Couto falava em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, em declarações aos jornalistas, à margem da sessão de abertura do seminário “Que turismo em 2030”, promovido pela associação empresarial.

Para o empresário, é preciso consolidar a posição dos Açores sobre o turismo sustentável, mantendo as características diferenciadoras da região.

“Sabemos que tem de ser sustentável. Não sabemos como, se fazemos com grandes unidades hoteleiras ou com pequenas, se fazemos com turismo mais rural ou menos rural, se fazemos mais baseado na ‘tour’ operação ou na promoção direta”, apontou.

O presidente da associação empresarial considerou que a sazonalidade é um entrave que é preciso combater para alcançar essa sustentabilidade no turismo.

“Vemo-nos obrigados a aumentar muito a oferta para a condensar num período de tempo muito curto. Se mantivéssemos essa oferta turística e a conseguíssemos preencher durante todo o ano, teríamos provavelmente um equilíbrio no retorno económico que pretendemos deste destino e um maior sentimento de concretização das pessoas”, sustentou.

Marcos Couto defendeu, por isso, que é preciso reforçar a promoção dos Açores na época baixa.

“Continuamos a apostar muito nas operações altas e acho que está na altura de começarmos a olhar para o ano todo. Perdemos muitos anos a olhar para o destino Açores como destino de praia e de sol, levámos algum tempo a percebermos onde nos encontrávamos e, agora que me parece que nos encontramos onde queremos, temos de perceber como é que promovemos, onde, de que forma e para quem”, frisou.

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, apontou a sustentabilidade do destino com um dos fatores que justificam os sinais de recuperação do turismo nos Açores, após dois anos de pandemia.

“Este interesse crescente pelos Açores não é de espantar. Basta olhar para a qualidade ambiental, a biodiversidade, a riqueza cultural e as experiências diversas que os Açores oferecem. Os Açores são um exemplo de sustentabilidade, são mesmo o primeiro arquipélago certificado oficialmente como destino turístico sustentável, de acordo com os exigentes critérios do Global Sustainable Tourism Council”, salientou.

Francisco Calheiros sublinhou que a sustentabilidade é “um fator importantíssimo quando os turistas escolhem o seu destino de férias” e que é “uma das maiores tendências” do setor no pós-pandemia.

Segundo o representante, o setor é o “motor” da economia portuguesa, mas para que continue a crescer é preciso apoiar as empresas que estão “descapitalizadas”, reduzir a carga fiscal, reforçar a promoção, melhorar infraestruturas, com destaque para os aeroportos, e atrair recursos humanos.

“É urgente que entre as empresas e o governo se chegue a soluções que façam de novo do turismo uma atividade atrativa, onde se quer trabalhar, e devem-se criar as condições para reter os profissionais que já trabalham no turismo, mas sobretudo atrair os recursos humanos que são necessários neste momento em toda a cadeia de atividade turística”, alertou.