Sustentabilidade demográfica é objetivo prioritário para Portugal Pós-2020
9 de out. de 2017, 18:33
— Lusa/AO online
"Se há dimensão em
que precisamos de mobilizar toda a sociedade, esta é, obviamente uma
delas", disse, ao intervir numa sessão sobre sustentabilidade
demográfica, na Universidade de Évora. Segundo Vieira da Silva, é
"essencial" a existência do "mais largo consenso possível" em "todas
estas áreas, do mercado de trabalho às políticas migratórias, das
políticas de apoio à família até ao desenvolvimento dos investimentos na
rede dos equipamentos sociais". O ministro do Trabalho,
Solidariedade e Segurança Social falava na sessão que decorreu hoje em
Évora, com representantes da sociedade civil, nomeadamente de
universidades, no âmbito do ciclo de audições públicas sobre a
estratégia nacional para o Portugal Pós-2020, ou seja, para o próximo
período de apoios comunitários. Na reunião, em que participaram
também os ministros Adjunto, Eduardo Cabrita, e do Planeamento e das
Infraestruturas, Pedro Marques, Vieira da Silva explicou que a
sustentabilidade demográfica é um dos objetivos prioritários de Portugal
para o próximo quadro comunitário de apoio. "Travar o duplo
envelhecimento populacional e assegurar a sustentabilidade demográfica é
um objetivo transversal de primeira grandeza" e "nunca foi tão
significativo" como agora, sendo necessária "uma atenção particular,
nesta fase prévia e, depois, na fase de concretização" do quadro,
argumentou. Portugal, frisou, vive "uma dupla evolução
demográfica que sofreu dinâmicas de transformação, numa dimensão e com
uma profundidade que, provavelmente, poucos se atreviam a prever". "É
óbvio que temos uma tendência de longo prazo, no que respeita à
evolução demográfica, mas tivemos processos de aceleração dessas
mudanças que coincidiram, de forma muito marcante, com os anos das
diferentes crises que vivemos", afirmou. Os saldos naturais da
demografia, referiu, "degradaram-se de forma significativa,
principalmente fruto de uma queda da natalidade e de uma tendência
estrutural e civilizacional para o aumento da esperança de vida",
realçou. E este cenário foi acompanhado por "mudanças radicais
nos fluxos migratórios", pois, "Portugal passou, em poucos anos, de um
país que tinha saldos positivos para um país com saldos negativos muito
significativos". Também as projeções a longo prazo, nomeadamente
da Comissão Europeia, acrescentou, "evoluíram de forma dramática, com
uma queda da população esperada no espaço de algumas décadas que atinge,
em alguns cenários, alguns milhões de habitantes de diferença". Alertando
para as "consequências muito pesadas e significativas" que esta
evolução demográfica vai ter, o ministro defendeu que a resposta a estas
tendências "é complexa", mas que está a ser trabalhada e tem de ser
acautelada no próximo quadro comunitário. Já o ministro do
Planeamento, Pedro Marques, disse aos jornalistas, à margem da reunião,
que a demografia é "um desafio do país todo" e que, apesar de Portugal
ser um dos estados-membros da União Europeia com "uma situação mais
difícil", é necessário "trabalhar para a inverter".