Surto de cólera na RDCongo é um dos mais graves dos últimos anos
7 de nov. de 2017, 18:43
— Lusa/AO online
A doença
alastrou a 21 das 26 províncias da RDCongo, depois de a seca ter
desencadeado um aumento do consumo de água do lago Kivu, infetando até
agora 38.000 pessoas e fazendo 709 mortos, segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS).A
cólera é endémica em nove províncias do país, mas a seca dos últimos
meses e a elevada mobilidade da população em determinadas áreas
causaram, este ano, uma propagação mais rápida e uma maior taxa de
infeção, com mais cerca de 28% de casos que em 2016.A
MSF tratou mais de 18.000 pessoas nos 30 centros e unidades de
tratamento de cólera que coordena nas províncias de Kwilu, Congo
Central, Tanganica, Kivu Norte e Sul, Ituri, Bas Uélé, Maniema e
Alto-Lomami.A
RDC vive uma grave crise humanitária com cerca de 3,8 milhões de
deslocados internos, de acordo com o Departamento da ONU para
Coordenação de Assuntos Humanitários.Segundo dados da ONU, só na região de Kasai fugiram 1,5 milhões de pessoas, das quais 31.000 se refugiaram em Angola.Parte
da população que fugiu devido ao conflito na região de Kasai, regressa a
casa e isso faz com que a ajuda nessas zonas seja mais urgente,
alertaram os Médicos Sem Fronteiras.A ONG observou que há subnutrição generalizada entre menores e cerca de 10% ou mais de desnutrição aguda severa em várias zonas.As
equipas da MSF trataram quase mil crianças com desnutrição severa nos
nove primeiros meses deste ano em Tshikapa, a capital da província de
Kasai.“A crise
de Kasai foi completamente ignorada”, acusou o responsável de operações
de emergências da MSF, Gabriel Sánchez, acrescentando que “as pessoas
que regressam às suas aldeias têm que enfrentar sozinhas a reconstrução
das suas casas, começar a cultivar os campos novamente, muitas vezes sem
os instrumentos adequados para lavrar, ou depois de as suas fontes de
rendimento terem ficado afetadas”.Sánchez
indicou que metade dos centros de saúde foi saqueada ou destruída pela
violência e está a recuperar muito lentamente a sua atividade em Kasai e
lamentou que a ajuda esteja a chegar tão devagar e “de forma
insignificante” à zona, dada a magnitude da tragédia.