Supremo Tribunal dos EUA analisa Obamcare e Presidente eleito fala do tema
10 de nov. de 2020, 18:27
— Lusa/AO Online
Ao
fim de duas horas de ouvirem argumentos, por videoconferência, o
presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, e o juiz Brett Kavanaugh,
ambos da ala conservadora, deram sinais de não estar dispostos a
derrubar uma lei de saúde inaugurada pelo democrata Barack Obama e
atacada pelo atual Presidemte, o republicano Donald Trump.A
poucas semanas de terminar o seu mandato, e depois de ter sido
derrotado nas eleições por Joe Biden, Trump abandona a Casa Branca sem
cumprir a promessa eleitoral de substituir o Obamacare e, hoje, ficou
mais perto de saber que alguns dos seis juízes conservadores juntarão a
sua voz aos três juízes progressistas na recusa de declarar este
programa de saúde inconstitucional, como defende o Presidente em
exercício.Hoje, Joe Biden deve falar sobre
este programa - intitulado "Affordable Care Act", mas que ficou
conhecido como Obamacare – para falar da sua importância e da estratégia
para o preservar, apesar das resistências dos republicanos, que o têm
contestado no Congresso, onde dominam o senado.O
Supremo Tribunal apenas deverá pronunciar uma decisão na próxima
primavera, mas as primeiras indicações deixadas por alguns juízes
conservadores indicam que não colocará resistências aos planos de Biden e
dos democratas.Se o Supremo Tribunal der
razão aos republicanos, então o Governo será obrigado a rever todo o
programa e retirar a proteção social dada a mais de 130 milhões de
pessoas com problemas crónicos de saúde, que ficarão de novo
desprotegidos.Por isso mesmo, nos últimos
meses, várias organizações do setor de saúde têm pedido ao Supremo
Tribunal para preservar a lei, alertando para o caos que poderá advir de
uma decisão em sentido contrário, sobretudo em plena pandemia de
covid-19.O tema foi abordado durante as
audições no Congresso da juíza conservadora Amy Coney Barrett, que foi
recentemente confirmada para um lugar no Supremo Tribunal, com os
senadores democratas a procurarem saber que posição terá sobre a
matéria.“Não sou hostil a esta reforma,
nem tenho a missão de a destruir”, foi a única resposta que obtiveram,
durante a audiência, não deixando os senadores democratas sossegados
sobre a sua posição quando o Supremo Tribunal votar uma decisão sobre
este programa.Na sua forma original, o
Obamacare assegura que todos os norte-americanos tenham um seguro
obrigatório, num país onde os serviços médicos são muito caros.Mas
os republicanos consideram o seguro obrigatório um abuso de poder por
parte do Governo e Donald Trump prometeu uma reforma do sistema,
assegurando que os norte-americanos não ficarão desprotegidos, mas com
regras diferentes.Depois de vários
processos judiciais, desde 2012, o processo chega agora às mãos dos
juízes do Supremo Tribunal, numa altura em que Donald Trump sai da Casa
Branca para dar lugar a um Presidente que voltará a defender o programa,
numa versão ainda mais ambiciosa, embora não tão ambiciosa como alguns
setores do Partido Democrata, que querem tornar o Obamacare universal.