Supremo britânico analisa pedido de Escócia para novo referendo à independência
11 de out. de 2022, 12:32
— Lusa/AO Online
As audiências realizam-se entre hoje e quarta-feira e o resultado deverá ser conhecido até ao final do ano.O
caso foi iniciado pela procuradora-geral escocesa (Lord Advocate),
Dorothy Bain, a pedido do governo autónomo liderado pelo Partido
Nacional Escocês (Scottish National Party, SNP), que invoca um direito
"fundamental e inalienável" à autodeterminação.O
Governo britânico recusou até agora autorizar uma repetição da consulta
realizada em 2014, quando 55% dos eleitores rejeitaram a independência.O
executivo de Londres argumenta que as questões de soberania estão
reservadas ao parlamento de Westminster, em Londres, de acordo com a Lei
da autonomia da Escócia de 1998.A
primeira-ministra escocesa e líder do SNP, Nicola Sturgeon,
manifestou-se “confiante” de que vai conseguir organizar o referendo na
data desejada de 19 de outubro de 2023.Porém,
se o tribunal de última instância britânico [equivalente ao Tribunal
Constitucional em Portugal] decidir em contrário, Sturgeon ameaça
concorrer nas próximas eleições legislativas com um programa assente
apenas na proposta de referendo, para que o resultado seja considerado
um plebiscito ao projeto.As eleições não
têm data definitiva, mas terão de realizar-se até ao fim de janeiro o
mais tardar. O SNP ganhou 48 dos 59 assentos parlamentares em 2019 com
45% dos votos na Escócia.Sturgeon
argumenta que a saída britânica da União Europeia (UE) justifica uma
repetição da consulta sobre a independência de 2014, lembrando que o
‘Brexit’ (como ficou conhecido o processo de saída do Reino Unido do
bloco comunitário), aprovado por 52% dos britânicos, foi rejeitado por
62% dos escoceses. As eleições regionais
de 2021 resultaram numa maioria pró-independência na assembleia de
Holyrood do SNP e dos Verdes. Os Partidos Conservador, Trabalhista e
Liberais Democrata são contra a fragmentação do Reino Unido.A
Escócia e a Inglaterra estão politicamente unidas desde 1707, mas em
1999 a Escócia passou a ter o próprio parlamento e governo em Edimburgo,
sendo estes responsáveis por políticas de saúde pública, educação,
agricultura, segurança e outros assuntos. O Governo do Reino Unido sediado em Londres controla matérias como a defesa, política externa, imigração e política fiscal.