Substituição dos cabos de comunicação entre continente e as ilhas custa 118,9 ME
30 de set. de 2020, 11:29
— Lusa/AO Online
Segundo o despacho publicado em Diário da
República, que determina que se inicie o processo de substituição do
atual sistema de comunicação eletrónica entre o continente e as ilhas,
“a construção do anel CAM deverá ser considerada como projeto
prioritário, para efeitos de acesso a financiamento da União Europeia”,
estimando-se que o valor do investimento seja de 118,9 milhões de euros.O
Governo quer, ainda, que o novo sistema de cabos submarinos de
titularidade pública esteja operacional em 2024 para os Açores e 2025
para a Madeira.Para tal, a IP Telecom,
responsável pelo investimento, tem de “lançar o concurso público
internacional até ao final do ano de 2020 e adjudicar a construção e
instalação até ao final de 2021, sendo expectável um prazo de dois anos
para a instalação física”, lê-se também no diploma.O
novo conjunto de infraestruturas de cabos submarinos CAM vai dispor de
seis pares de fibras óticas em todos os segmentos, complementado por um
par de fibras óticas, a partir da Madeira, e deverá ser dotado de
equipamento de deteção sísmica, “para produção de alertas, de medições
ambientais, de deteção de atividade náutica submarina e de transmissão
de dados de projetos científicos”.A IP
Telecom deverá também avaliar, “oportunamente”, a necessidade de
substituir as ligações por cabo submarino entre a as ilhas da Madeira e
do Porto Santo e entre as ilhas que compõem o arquipélago Açores.No
final de junho, o então secretário de Estado Adjunto e das
Comunicações, Alberto Souto de Miranda, anunciou, numa comissão
parlamentar, que o Ministério das Finanças tinha dado 'luz verde' para a
IP Telecom investir nos cabos submarinos dos Açores e Madeira.Contrariando
“algum alarmismo” sobre os cabos submarinos, Alberto Souto de Miranda
disse então que “a obsolescência dos cabos aponta para 2024, 2025”,
explicando que o período de instalação são dois ou três anos, pelo que o
investimento deve começar em 2022, após decorrer concurso público e
adjudicação da obra.Em 09 de junho, o
presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), João Cadete
de Matos, anunciou que a IP Telecom vai ser responsável pela "gestão dos
cabos submarinos" que ligam as regiões dos Açores e da Madeira."Tenho
dito repetidas vezes" que a questão dos cabos submarinos dos Açores e
Madeira é um "problema do país", que só tem "a ganhar com as plataformas
atlânticas", salientou, referindo que a confirmação que tem do ministro
das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, é que o "Governo irá com muita
celeridade tomar uma decisão relativamente às recomendações que foram
feitas" pelo grupo de trabalho que estudou o tema.Acrescentou
que o Governo "terá aceitado uma das recomendações do grupo de trabalho
relativamente à existência de um operador público responsável pela
gestão dos cabos submarinos", sublinhando que isso "é essencial para que
seja um operador grossista neutro, que assegure a qualidade do
funcionamento" e os preços competitivos para que os Açores e a Madeira
"não tenham nenhuma discriminação quer quanto às ofertas, para que
exista concorrência, quer quanto às capacidades" dos cabos submarinos.As
comunicações eletrónicas entre o território de Portugal continental e
os arquipélagos dos Açores e da Madeira são atualmente asseguradas
através de um sistema de cabos submarinos: dois a partir de Carcavelos,
um para a ilha de São Miguel e outro para a ilha da Madeira, e um
terceiro entre São Miguel e a Madeira (o conjunto designado “anel CAM”),
num total de 3.700 quilómetros.