Subsecretário do Governo dos Açores diz que vendeu quotas de empresa pelo preço de compra
1 de jul. de 2022, 14:41
— Lusa/AO online
“Alienei
a minha quota pelo valor do investimento que fiz na aquisição de
quotas. Portanto, não ganhei dinheiro nenhum neste percurso que tive na
empresa”, revelou Pedro Faria e Castro, em conferência de imprensa,
quando questionado sobre se a empresa ficou valorizada desde a tomada de
posse do atual Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), em novembro de 2020,
na sequência dos ajustes diretos feitos, entretanto, com o executivo.O
subsecretário manifestou-se convicto da “legalidade” do processo
porque, para tomar posse, renunciou à gerência da empresa e pediu, “nos
termos do n.º 7 do artigo 9.º da Lei n.º 52/2019, a suspensão dos
direitos societários”, pelo que, mantendo formalmente parte do capital,
deixou de ter “qualquer ligação à empresa”.“Não
podia beneficiar da participação social. Durante aquele ano e meio, não
tive participação nos órgãos sociais, nem direito a lucros”,
acrescentou.Referindo-se
à denuncia de “ilegalidade” feita na quinta-feira pelo BE, pelo facto
de permanecer como sócio na empresa e de esta ter feito “vários
contratos por ajuste direto com o Governo dos Açores”, Faria e Castro
considerou que o partido “não leu a lei”.De acordo com o subsecretário, as acusações do BE/Açores são “falsas, injustificadas e não passam de suspeições”. “Lanço
agora o desafio ao deputado António Lima: fez as insinuações, graves,
agora que as prove. Quero que averigue e se retrate, porque maltrata uma
pessoa e isso não se faz”, afirmou.Quanto
à participação social na empresa, criada em 2019, Faria e Castro disse
que a quis vender “desde o primeiro dia”, antes de integrar o executivo,
mas, “na altura, os outros sócios não tinham capacidade para investir o
valor da quota”.Só o fez em maio de 2022, “quando os sócios tiveram condições de as adquirir”.O
BE denunciou na quinta-feira que Faria e Castro foi, “até maio de 2022,
sócio de uma empresa de segurança privada”, detendo um “capital que
variou entre os 60 e os 83 mil euros, ou seja, entre um quarto e um
terço do capital da empresa”.De
acordo com o BE/Açores, a lei determina que uma empresa que “tenha como
sócio um titular de cargo político com mais 10% do seu capital", ou um
capital "superior a 50 mil euros", não pode ter "negócios com entidades
públicas”.Ou
então, disse Faria e Castro, “suspende a participação social” na
empresa, opção que foi tomada “com base num parecer jurídico”.O
subsecretário, que é também quadro da administração pública regional,
recusou existirem motivos para uma demissão, insistindo que as acusações
do BE são “infundadas e injustas” e que as afirmações do deputado
António Lima são “suspeições caluniosas e injustas” e “difamações
torpes” no âmbito de uma “retórica falaciosa”.Na
quinta-feira, BE/Açores denunciou que Faria e Castro foi, até maio de
2022, sócio da empresa de segurança a quem o Governo Regional dos Açores
adjudicou “vários contratos por ajuste direto”, numa “incompatibilidade
flagrante” com o regime do exercício de funções por titulares de cargos
políticos e altos cargos públicos.Ainda
segundo o BE/Açores, “mais de 73% dos contratos públicos da Trust desde
que a empresa foi criada foram assinados depois de Faria e Castro ter
tomado posse como membro do Governo Regional”.“Perante
a gravidade destes factos, que são públicos e que podem ser confirmados
por qualquer pessoa, exigem-se explicações imediatas por parte do
presidente do Governo [dos Açores]”, afirmou António Lima, referindo que
o subsecretário regional da Presidência “deteve um capital social
superior a 50 mil euros e superior a 10% da Trust ao mesmo tempo que a
sua empresa fazia vários negócios com o Governo [Regional]”.