Subcomissão de Ética defende alteração de regras de apoio a viagens de deputados
4 de mai. de 2018, 17:22
— Lusa/AO online
O
esboço de parecer elaborado pelo presidente da subcomissão de Ética
aguarda ainda contributos de deputados com assento naquela subcomissão,
que volta a reunir-se na terça-feira para redigir o texto final, mas uma
primeira versão hoje discutida aponta para a necessidade de harmonizar a
resolução do parlamento que regula os apoios, fixando-os em 500 euros
semanais, com os valores estabelecidos para o subsídio de mobilidade do
qual qualquer residente insular pode ser reembolsado.De
acordo com fontes parlamentares ouvidas pela Lusa, o esboço de parecer
aponta para a necessidade de alteração da resolução da Assembleia da
República n.º 57/2004, para levar em conta a legislação produzida em
2015, os decretos-lei nº. 134/2015, de 13 de agosto, e 41/2015, de 24 de
março.Nessa
legislação estabelece-se que "o valor do subsídio social de mobilidade
tem por referência o custo elegível e o valor máximo estabelecido em
portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e
dos transportes aéreo e marítimo".De
acordo com informação divulgada na página da internet da companhia
aérea TAP, o valor do subsídio é a diferença entre o custo elegível e um
valor máximo, que é de 134 euros, por viagem de ida e volta, entre o
continente e Região Autónoma dos Açores, e de 86 euros, entre o
continente e a Região Autónoma da Madeira.Os
CTT são a entidade prestadora do serviço de pagamento do subsídio,
mediante a apresentação de documentação, designadamente os cartões de
embarque.O
presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, pediu à
subcomissão de Ética e à comissão eventual da Transparência uma
interpretação conjugada da resolução do parlamento que regula os apoios
às viagens dos deputados das regiões autónomas e da legislação do
subsídio de mobilidade de todos os residentes insulares, bem como que se
pronunciem sobre uma eventual necessidade de alteração legal.O
pedido de Ferro Rodrigues foi feito na sequência de uma notícia do
semanário Expresso, segundo a qual os deputados dos círculos eleitorais
das regiões autónomas dos Açores e da Madeira beneficiam da duplicação
de apoios estatais ao transporte entre o continente e as ilhas.Esta
notícia levou a um pedido de desculpa e à renúncia ao mandato do
deputado BE eleito pela Madeira Paulino Ascenção. Pelo PS, estarão nesta
situação o líder da bancada socialista, Carlos César, e os deputados
Lara Martinho, João Azevedo Castro, Luís Vilhena e Carlos Pereira, e
pelo PSD o parlamentar Paulo Neves.Segundo
um memorando do secretário-geral da Assembleia da República, divulgado
em abril, a resolução do parlamento que fixa em 500 euros o valor das
viagens semanais pagas aos deputados das ilhas é "a matriz regulamentar
única de atribuição de despesas de transporte aos deputados", que é
seguida "à risca pelos serviços financeiros" da instituição.Contudo,
admitiu, "pode colocar-se a questão de saber se um deputado que tem a
deslocação paga pela Assembleia da República pode adicionalmente
prevalecer-se do recurso a um subsídio de mobilidade pago nas regiões
autónomas, do qual podem gozar todos os passageiros residentes".Os
deputados residentes nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira
recebem, mensalmente, "o valor correspondente ao custo de uma viagem
semanal de ida e volta" nas "semanas em que têm presença em trabalhos
parlamentares (processamento adiantado)", expôs Albino Azevedo Soares no
memorando.Esse
apoio tem atualmente o valor de referência de 500 euros que, de acordo
com o mesmo documento do secretário-geral do parlamento, foi negociado
com as transportadoras TAP e SATA e aprovado em Conselho de
Administração da Assembleia da República.Aos
deputados não é exigido qualquer "documento justificativo da sua
deslocação", acrescenta, tal como acontece com "os demais deputados com
residência em território continental fora de Lisboa".