Stress e ansiedade entre Erasmus e até alunos sem acesso a bens essenciais

Covid-19

11 de mai. de 2020, 18:00 — Lusa/AO Online

A Erasmus Student Network (ESN) Portugal realizou um inquérito sobre o impacto da pandemia de Covid-19 nos estudantes em mobilidade, questionando os portugueses que foram estudar para fora e os estrangeiros que decidiram ter aulas para Portugal.Metade dos estrangeiros inquiridos a estudar em Portugal decidiu permanecer no país assim como metade dos portugueses que estavam lá fora optaram por voltar para Portugal, revela o estudo da ESN, com base nas mais de quatro mil respostas obtidas.Dos 1.650 alunos de instituições portuguesas a estudar lá fora, 51,3% decidiram regressar a Portugal, contra 28,5% que se mantiveram no país onde estavam a fazer Erasmus. Cerca de 40% dos portugueses inquiridos admitiram ter sentido ansiedade e stress, assim como isolamento e exclusão social (cerca de 20%), segundo o inquérito a que a Lusa teve acesso.Durante o período de pandemia, 78 alunos queixaram-se de não terem conseguido acesso a bens essenciais, como comida, e 51 referiram não conseguir aceder a serviços de saúde. Houve ainda 74 estudantes que viram os seus alojamentos encerrados.Segundo relatos dos alunos que estavam lá fora, as universidades portuguesas disponibilizaram-se para os ajudar a regressar a casa (23,8%), dar apoio académico (38%) e até para dar ajuda psicológica (13,3%).No entanto, na altura do inquérito, um em cada quatro alunos (25,5%) queixou-se de dificuldades de comunicação com a instituição e outros 20,7% disseram não ter recebido qualquer apoio.Sete em cada dez alunos portugueses ainda não conseguiam responder sobre quais os impactos financeiros da pandemia.A maioria disse que apesar da pandemia continuou no programa Erasmus (56,1%), contra quase 30% que viu a formação cancelada por decisão das instituições de ensino superior ou por opção própria (13,4%).Durante a quarentena, os alunos portugueses no estrangeiro receberam apoio académico (63,5%), social (26,8%) e logístico (20,1%). Também houve quem tivesse tido apoio psicológico (11,5%), linguístico e medico.Já entre os estrangeiros que estavam a estudar em Portugal, o inquérito revelou que um em cada três dos inquiridos regressou ao seu país (33,4%) mas houve quem, mesmo querendo, não conseguiu regressar (3,2%), segundo as respostas de 2.434 estudantes de 82 nacionalidades.No inquérito, 634 estrangeiros revelaram não ter conseguido o transporte de regresso a casa, sendo a maioria dos inquiridos de nacionalidade espanhola, italiana, brasileira, polaca e alemã.Durante a pandemia, cerca de 40% admitiram ter experimentado sentimentos de ansiedade e stress, assim como 20% apontaram o isolamento e exclusão social como um problema durante a quarentena.Os casos de discriminação com base na raça e etnia também são referenciados por alguns alunos estrangeiros, apesar de ser o problema com menor expressão (menos de 5%).O relatório mostra que 144 alunos tiveram dificuldades no acesso a bens necessários de primeira necessidade, como comida e produtos sanitários.Pouco mais de uma centena denunciou a dificuldade em aceder a apoios médicos e houve 94 estudantes que revelaram que o sítio onde estavam a viver tinha sido encerrado ou cancelado.A pandemia não prejudicou o processo de Emasmus dos estrangeiros a estudar em Portugal de 75% dos alunos que se mantiveram no programa. Houve 16% que optaram por cancelar: metade dos cancelamentos foi uma decisão do aluno e a outra metade foi por decisão da universidade de origem ou da de acolhimento.Durante o período de quarentena, os estrangeiros receberam apoio académico (80,8%), mas também houve ajuda social (32,3%), linguística, logística, psicológico e médico.Portugal conta já com mais de 1.100 mortos associados à covid-19 em mais de 27 mil casos confirmados de infeção.