Stop Idadismo quer acabar com preconceitos sobre a idade
9 de jun. de 2022, 14:10
— AO Online
"O Idadismo é a terceira forma mais grave de preconceito,
depois do Racismo e do Sexismo", diz Alexandra Menezes, psicomotricista. O Movimento #STOPIDADISMO responde a um apelo da Organização Mundial da
Saúde (OMS) da Campanha Mundial Contra o Idadismo da Organização das Nações Unidas (ONU) “#AWorld4AllAges”, no sentido de realizar ações que combatam o
Idadismo, comportamento que ficou ainda mais evidenciado na pandemia do
Covid-19.
“De
acordo com relatório lançado no dia 18 de março de 2021 pela OMS e outras
agências ONU, uma em cada duas pessoas discrimina pessoas idosas, com atitudes
que agravam a sua saúde física e mental e reduzem a sua qualidade de vida”,
refere Alexandra Menezes, psicomotricista e coordenadora do projeto na Casa do
Povo de Santa Bárbara.
O Idadismo é um tipo de discriminação generalizada, silenciosa,
invisível e normalizada, que pode afetar as pessoas de diferentes faixas etárias,
sendo considerada pela Organização das Nações Unidas a
terceira forma mais grave de preconceito, depois do Racismo e do Sexismo. Está presente na nossa maneira de pensar,
sentir e atuar com os outros, onde podemos considerar que um jovem é “demasiado
novo para ocupar um cargo de liderança numa empresa” ou “demasiado velho para
integrar uma equipa de Marketing”.
“Esta
forma de preconceito, tem consequências negativas para a saúde das pessoas mais
velhas, que muitas vezes vêem as suas opiniões, convicções e vontades
condicionadas em função do estigma associado à idade, tornando-os propensos a
depressão e isolamento social. As atitudes idadistas, são muitas das vezes silenciosas. Está em todas as partes: nas nossas
instituições, nas nossas relações, e em nós mesmos. Cada cultura tem atitudes
diferentes em relação à idade e ao envelhecimento, mas nenhuma está isenta de
preconceitos em relação à idade”, acrescentou Alexandra Menezes.
O
conceito surgiu em Espanha e imediatamente uniram-se um conjunto de
organizações ibero-americanas que estruturou e lançou oficialmente a 30 de
abril 2021 o início do movimento “que chega aos Açores, através de uma parceria
com a Casa do Povo de Santa Bárbara da Ilha Terceira, que em outubro de 2021
apresentou à comunidade um Plano de Ação Comunitário Liber(Idade), que promove
mensalmente, ações que visam prevenir e combater o Idadismo. Foi a primeira
entidade dos Açores a fazer parte do Movimento Nacional #STOPIDADISMO,
recebendo o apoio da Direção Regional da Solidariedade Social”, acrescentou a
técnica que lembrou ainda que “o apoio do Governo Regional é fundamental, uma
vez que a tutela é responsável pela definição e implementação de políticas de
promoção da diversidade e, neste caso concreto, poderão ter um papel-chave no
combate ao Idadismo para a construção de uma Comunidade para Todas as Idades”.
“O Idadismo tem consequências
negativas para a saúde das pessoas mais velhas, que muitas vezes veem as suas
opiniões, convicções e vontades condicionadas em função do estigma associado à
idade, tornando-os propensos a depressão e isolamento social. Todas as pessoas mais velhas têm o direito de serem livres de fazer o que
entenderem, tomar as suas decisões, sem que a idade seja considerada um
problema. O combate ao preconceito passa por respeitar as intenções e decisões
das pessoas mais velhas, sem que seja alvo de julgamento, crítica ou escárnio.
Na nossa sociedade, nomeadamente no contexto profissional, ainda podemos
observar discursos como: “…ele é muito velho para este
trabalho” ou “…ele tem 53 anos… não vai acompanhar o nosso ritmo. A sociedade
pode ter um comportamento idadista quando não incentiva alguém aprender a tocar
um instrumento a partir dos 60 anos de idade ou participar num curso de inglês,
por considerar que já não tem idade para aprender algo novo”, acrescentou
em entrevista ao Açoriano Oriental.
A psicomotricista defende que “Todos nós necessitamos desta iniciativa. Todos nós
exercermos de forma ainda inconsciente, esta forma de violência, sendo um
preconceito tão democrático,
que afeta, em alguma fase da vida, todos nós. Aos estarmos mais sensibilizados,
estamos a promover a educação de que a velhice não é sinónimo de doença, com a
missão de reconhecer o valor das pessoas na sociedade, em cada etapa da sua
vida. Com as mesmas oportunidades, com o mesmo respeito e valor”, até porque segundo os Censos de 2021, por cada 100 jovens portugueses, há 182 pessoas
com mais de 65 anos. Para além deste dado, as Nações Unidas indicam que a população
portuguesa deverá continuar a envelhecer até o número de pessoas com 65 e mais
anos e ser cerca de 35% do total em 2050.
Alexandra Menezes deixou, ainda, um apelo a que todas as
instituições açorianas abracem o projeto e contribuam para uma maior
sensibilização sobre este problema.