Stoltenberg insiste com G7 na urgência de sistemas de defesa antiaérea
18 de abr. de 2024, 18:25
— Lusa
Em declarações à
imprensa à margem da reunião ministerial do G7 que decorre até
sexta-feira na ilha italiana de Capri, Jens Stoltenberg reconheceu que,
apesar do “apoio militar sem precedentes” prestado pela NATO à Ucrânia
desde o início da agressão militar russa, em fevereiro de 2022, os
aliados têm de “fazer mais” e já deviam ter dado “mais cedo” a Kiev o
material que há meses as autoridades ucranianas têm reclamado.“Cada
dia com atrasos provoca mais mortes e danos na Ucrânia. Já devíamos
ter-lhes dado [nova ajuda militar] mais cedo, pelo que quanto mais cedo,
melhor”, disse o secretário-geral da Aliança Atlântica, lamentando que o
exército ucraniano não tenha os meios materiais de que necessita para
repelir a intensificação dos ataques russos, designadamente os ataques
aéreos contra cidades e infraestruturas.Apontando
que “a necessidade mais urgente” da Ucrânia atualmente passa por
sistemas de defesa antiaérea, Stoltenberg garantiu que os aliados estão a
trabalhar no sentido de disponibilizar em particular mísseis ‘Patriot’,
pois estes “são os sistemas mais avançados, dado poderem abater mísseis
balísticos, mas também mísseis supersónicos russos, e daí serem tão
importantes”.Considerando “encorajadores”
os mais recentes anúncios de ajuda militar por parte de países membros
da Aliança, Jens Stoltenberg disse também esperar o desbloqueamento, nos
próximos dias, do pacote de ajuda norte-americano de 61 mil milhões de
dólares (cerca de 57 mil milhões de euros) há meses bloqueado na Câmara
dos Representantes dos Estados Unidos, observando que tal também
permitirá consagrar financiamento “a mais sistemas de defesa antiaérea”.Vincando
que as necessidades mais urgentes agora são sistemas de defesa
antiaérea e munições de artilharia, Stoltenberg advertiu, todavia, que,
no longo prazo, é preciso dispor de “um quadro mais institucionalizado,
estável e robusto em torno do apoio” a Kiev, de forma a garantir “que a
Ucrânia tem as capacidades de que necessita” para repelir a ofensiva
russa, algo que não sucede atualmente.O
secretário-geral da NATO garantiu que os aliados trabalham sem cessar no
sentido de prestar o apoio reclamado pela Ucrânia, apontando que essa é
a razão por que está hoje em Itália e na sexta-feira discutirá a
questão com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que participará
por videoconferência numa reunião do Conselho NATO-Ucrânia ao nível dos
ministros da Defesa.Zelensky pediu a
Stoltenberg que convocasse a reunião depois de ver como Israel conseguiu
repelir o ataque iraniano com a ajuda de parceiros como os Estados
Unidos da América (EUA), o Reino Unido e a Jordânia, algo que pretende
ver replicado na Ucrânia face aos ataques russos.Hoje
de manhã, os chefes de diplomacia dos EUA e da Ucrânia insistiram na
urgência de o Congresso norte-americano desbloquear o pacote de ajuda a
Kiev, para permitir ao exército ucraniano defender-se face à
intensificação dos ataques da Rússia.Em
declarações na ilha italiana de Capri, o secretário de Estado
norte-americano, Antony Blinken, voltou a apelar ao Congresso, de
maioria republicana, que aprove o pacote de ajuda financeira à Ucrânia,
bloqueado há meses. "Neste momento, é
urgente que todos os amigos e apoiantes da Ucrânia envidem todos os
esforços para continuar a fornecer à Ucrânia aquilo de que necessita
para se defender da agressão russa", disse Blinken, pouco antes de uma
reunião com Kuleba, que, tal como o secretário-geral da NATO, foi
convidado para esta reunião ministerial do G7, grupo formado por
Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido,
mais a União Europeia.Kuleba, que assumiu
que o ponto único da sua agenda nesta participação na reunião do G7 “é a
defesa antiaérea”, reforçou que o desbloqueamento do pacote de ajuda
norte-americano é crucial para a Ucrânia “lidar com o massacre causado
pelos mísseis russos”, garantindo mesmo que “esta é uma questão de vida
ou de morte”.A ofensiva militar russa no
território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a
Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945).