Autor: Joana Medeiros
É na freguesia da Luz, na ilha Graciosa, que funciona, desde 2016, a 5essentia spirulina Azores que, através da Quinta Verde, faz chegar a vários locais do mundo esta cianobactéria criada em meio aquático, com recurso a estufas e tanques de pouca profundidade em sistema fechado, conhecida também por ser um “super alimento e por ter um valor nutricional muito interessante”.
A responsável por este projeto com raízes no Grupo Central, é Sónia de Kaenel, que, embora seja formada em informática e gestão, acabou por se render aos Açores e ao seu interesse pelas algas e pela nutrição humana.
Depois de vários anos a viajar devido às exigências da sua profissão, e depois de ter aprofundado conhecimentos sobre “a má nutrição mesmo em países onde não há falta de alimento”, Sónia de Kaenel acabaria por se interessar pela produção de spirulina, uma vez que, mesmo consumida em pequenas quantidades, esta comporta vários benefícios para a saúde.
“Fui estudando o assunto, visitei e fiz formação com outros produtores. Passei um tempo na Argentina com uma família que trabalhava as algas há várias gerações, fui vendo o que se poderia fazer nessa área e depois decidi vir conhecer os Açores, com a ideia de encontrar um sítio onde gostasse de viver e, também, onde pudesse trabalhar com algas marinhas e com spirulina, e a escolha foi pela Graciosa”, resume a empresária.
Em 2017, a 5essentia spirulina Azores iniciou a sua primeira produção, “ainda um pouco experimental”, dando lugar à sua comercialização em 2018.
Sónia de Kaenel explica que, pela empresa passa todo o processo de desidratação, empacotamento e venda (a partir das redes sociais e do site), marcando também presença em mercados e feiras de vários domínios.
Quanto aos produtos, a spirulina assume a forma de raminhos, “como pequenos esparguetes desidratados”, sendo também encontrado na forma de “super snacks”, compostos por esta cianobactéria em farinha e frutas açorianas, tal como ananás, laranja ou banana, também elas desidratadas.
Para além destes lanches, a 5essentia spirulina Azores conta ainda com uma gama de condimentos naturais utilizados com outros produtos açorianos, nomeadamente funcho, erva-patinha e açaflor misturados com flor de sal e com a spirulina em farinha.
Estes produtos são vendidos, na sua maior parte, para Portugal continental e para países na Europa como Alemanha, Áustria e Suíça, mas existem também vendas feitas para países internacionais, como Canadá, Cabo Verde e Quénia.
Quanto aos benefícios conhecidos desta cianobactéria, Sónia de Kaenel realça que, graças à vasta quantidade de vitaminas e de ficocianina, a spirulina contém micronutrientes e todos os aminoácidos essenciais que, frequentemente, fazem com que as pessoas que a tomam sintam rapidamente diferenças no seu organismo.
Neste sentido, adianta a responsável pelo projeto, é frequente que pessoas com carências nutricionais, ao começarem a ingerir este produto sintam um acréscimo de energia. Para além disso, prossegue, a spirulina acaba também por demonstrar resultados interessantes em desportistas, uma vez que “ajuda à recuperação física após o esforço e que tem uma quantidade de proteínas muito interessante que ajuda na massa muscular”.
Apesar do ambiente propício à produção de spirulina na ilha Graciosa, Sónia de Kaenel refere que existem também desafios nesta produção, nomeadamente na logística, tendo em conta as distâncias e o custo dos transportes.
Acresce ainda a dificuldade de divulgação do projeto devido ao “isolamento” em relação a outras ilhas, uma vez que na Graciosa o volume de turismo que chega não é suficiente para permitir, por exemplo, visitas à Quinta Verde, como acontece com outras quintas de produção de spirulina em zonas como Monchique ou Tomar.