Sobre os Lavoisier e a transformação da Arco 8 este sábado
15 de dez. de 2017, 15:50
— Miguel Bettencourt Mota
'Na natureza nada se perde, nada se
cria', é parte da lei do pai da química moderna. O que trazem vocês
– também Lavoisier – para transformar a Galeria do Arco 8, no
sábado?
Vamos levar a
nossa música e que assenta justamente na premissa 'na
natureza nada se perde, nada se cria e tudo se transforma'
de Lavoisier. Nós
acreditamos que a música é algo que passa por todos nós e que
depois nos transforma, bem como àquilo que vemos, fazendo-nos
renunciar um pouco ao sentimento de posse. Essa é também um pouco a
ideia que deu nome ao novo álbum 'É Teu' e que, na verdade, é o que
vamos levar este sábado à Arco 8.
O que é que o 'É Teu' oferece de
diferente em relação ao disco que o antecedeu, o Projeto 675?
Mostra um caminho
bastante diferente. No Projeto 675 reunimos músicas tradicionais e o
disco foi gravado em take direto -
com duas vozes, uma guitarra e muito cru. Neste novo álbum, em vez
de dois, quisemos ser mil...Fomos para estúdio, fizemos muitos
arranjos e tivemos um convidado no álbum. Mas já não temos só
música tradicional, há todo um outro conjunto de universos que
também explorámos, desde musicar poemas, a apresentarmos temas com
letra e música original.
Nunca
vos passou pela ideia incorporar a título definitivo novos membros
na banda?
Claro
que sim. Depois de gravarmos este álbum e percebermos que ao vivo há
muitas coisas que não conseguimos fazer, passou. Mas também sempre
esteve assumido que o que consta do álbum, não seria replicado em
concerto ao vivo, aliás, interessa-nos que assim seja. A base será
sempre este 'duo', mas as colaborações com várias pessoas é um
cenário que está em aberto e que queremos muito fazer.
Esta
é a segunda vez no espaço de quatro meses que atuam
em São Miguel. Felizes por isso?
É
uma grande felicidade, na verdade. Nem eu, nem o Roberto, tínhamos
ido aos Açores antes do Azores Burning Summer...Até comentámos o
facto de ter sido tão rápido o segundo convite. Estamos muito
contentes por podermos voltar porque descobrimos realmente uma parte
de Portugal que é muitos distante, mas incrível. A paisagem - e tudo
o mais - tem algo de único.
Com
que registo ficaram do público?
Da
única experiência que tivemos, correu muito bem. As pessoas foram
bastante generosas, simpáticas e o público reagiu bem ao concerto.
Tivemos até um concerto traduzido em língua gestual, que foi muito
interessante. Agora, todos os espaços são diferentes e sei que este
sábado na Arco 8 vamos ter um público diferente...Mas acho que vai
correr bem.
Voltando
ao início da conversa, que 'feedback' têm recebido do 'É Teu'?
O
'feedback' que nos tem chegado tem sido muito positivo. Julgo até
que este novo CD tem conseguido chegar a mais rádios e a outros
públicos. Acho que isso faz parte de um crescimento natural e folgo
em ver que as pessoas já conhecem mais os Lavoisier e vão à
procura...Tem sido um percurso em ascendente e isso é bom.
Os
olhos estão já postos num trabalho futuro, ou é ainda tempo de
saborear este?
É
tempo de saborear este, mas estamos já com as mãos e com metade do
pensamento no outro trabalho que está a surgir...
...O
trabalho será na mesma linha?
É
ainda uma coisa que estamos a construir e ainda falta muito...Na
verdade, não posso adiantar muito mais [risos].