Só queria ser melhor do que o pai, até virar campeão nacional
15 de nov. de 2018, 11:48
— AO Online
Nasceu mais um campeão na freguesia da Agualva, na Praia da Vitória.
O lugar do país com mais praticantes de golfe “per capita” - onde fica situado
o Clube de Golfe da Ilha Terceira- é, também, o maior viveiro de campeões da
modalidade. Este campeão é filho de outro campeão: José Luís Garcia, ou “Xalhinha”,
como é carinhosamente conhecido pela família golfista terceirense.
O golfe não foi o primeiro desporto de
Ricardo Garcia. O jovem começou no futebol no Juventude Desportiva Lajense onde
ficou até hoje para não quebrar laços: “Nunca deixei o futebol porque a maior parte dos meus amigos joga. É uma
maneira de estar mais tempo com eles. Estes dois últimos anos continuei a
jogar por ser uma forma de ganhar resistência e força para o golf”. Também na
aptidão para o futebol Ricardo seguiu as pisadas do pai.
Houve, ainda, uma terceira modalidade na vida de Ricardo, ainda que por muito
pouco tempo: “aos 8 entrei para o ténis de mesa no Juncal mas acabei por desistir
no ano seguinte e assim entrei para o golf com mais ou menos 9 anos.”
De miúdo enérgico, ativo
e um tanto rebelde no futebol, Ricardo teve que começar a treinar não só as
técnicas de golfe como as características de um desporto individual com muita autodisciplina:
o que, convenhamos, requer uma maturidade que uma criança de 9 anos não tem.
É nesta fase que Ricardo
admite que o papel do pai foi fundamental. Como criança competitiva que sempre
foi, Ricky, foi sendo alimentado por um desafio diário: “Vamos ver quando é que
jogas melhor do que eu!”, dizia Xalhinha nos treinos ao fim de semana.
Foi a frase que alimentou
um campeão e cedo chegou o dia em que conseguiu dar menos pancadas do que a sua
referência de vida. Hoje, nas férias de verão, Ricardo começa a treinar às 8 da
manhã e termina depois das 17h00. Não teve muito tempo para ser criança, mas
tem agora dois troféus importantes na sua estante de casa. É que em 2012 já
havia sido vice-campeão nacional de sub 12.
O atleta terceirense
destacou a importância do apoio que a Associação de Golfe e o clube lhe dão e
não esquece os dois treinadores Michael e Artur: “Primeiro tenho que lhes
agradecer só por me aturarem, mas também por me ensinarem a jogar golf. E
ainda na ajuda que me dão muitas vezes ao oferecerem-me tacos para eu poder
jogar. São espetaculares! Obrigado Michael Duarte e Artur Freitas”.
Este é um prémio com sabor especial: Ricardo é, agora e para já, o único
açoriano com o título de campeão nacional sub 18.
No meio de tantas horas de treino há lugar para o menino comum. Ricardo gosta
de estar com os amigos, de ouvir música e de canja de galinha. E por enquanto
pode descansar o coração porque agora é o pai que tem que treinar mais para
conseguir jogar melhor do que ele.