SNS não assume encargos com estrangeiros com residência temporária
23 de dez. de 2022, 17:03
— Lusa/AO Online
O
esclarecimento do Ministério da Saúde (MS) surge na sequência da notícia
divulgada hoje pelo semanário Expresso, segundo a qual há estrangeiros a
usar o SNS para aceder a tratamentos caros.Segundo
o Expresso, têm-se repetido nos últimos meses os casos de mulheres
grávidas estrangeiras que não vivem em Portugal e que chegam a hospitais
e maternidades apenas para a realização do parto. “O
fenómeno foi identificado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
(SEF) e acabou nos braços da unidade de contraterrorismo da Polícia
Judiciária (PJ), que tem ficado com os dossiês sensíveis relacionados
com casos de imigração suspeitos, devido ao fim anunciado do SEF”,
escreve o semanário.Os médicos fazem ainda
outros diagnósticos sobre a procura gratuita, diz o Expresso,
adiantando que são mais os estrangeiros que recorrem à inscrição
provisória, apenas com nome e morada, qualquer uma e até de hotel, para
pedirem vacinas, medicamentos ou tratamentos, sobretudo os que nos seus
países não são assegurados ou são muito caros. Entre
os mais pedidos estão antirretrovirais, terapêutica pre-exposição ao
VIH (PrEP), remédios para a diabetes ou doenças cardiovasculares.Questionado
pela Lusa sobre este assunto, o MS explicou que a utilização SNS
pressupõe a atribuição do Número Nacional de Utente que, entre outras
disposições, associa a existência do chamado “Terceiro Pagador”,
situação que se aplica, por exemplo, a situações de pessoas com
residência temporária em Portugal.Segundo o
ministério, estão inscritos no Registo Nacional de Utentes (RNU)
1.560.468 estrangeiros, sendo que 457.436 correspondem à situação
denominada de “Terceiro Pagador”, que são casos em que “os cidadãos têm
acesso ao serviço público de saúde, mas em que a responsabilidade
financeira pelos encargos decorrentes dessa prestação não é do SNS”.“O
SNS assume um papel central na garantia do direito de acesso à saúde em
Portugal, no quadro de um Estado social que assenta em princípios de
equidade, solidariedade e gratuitidade no momento da prestação,
garantindo assim a prestação de cuidados de saúde atempados e de
qualidade a quem deles necessita, independentemente da sua condição
económica, social, geográfica e até regular do ponto de vista da
legalidade, no caso dos imigrantes”, refere.Sublinha
ainda que “um dos ensinamentos da pandemia é que a saúde é cada vez
mais global e interdependente, pelo que os grandes desafios sanitários
exigem respostas coordenadas e articuladas entre os Estados, assim como a
resposta às necessidades individuais impõe solidariedade e cooperação
internacional”.O Ministério da Saúde
acrescenta que o modelo organizacional do SNS se assume como “um serviço
essencial à promoção e proteção da saúde dos cidadãos e à salvaguarda
saúde pública”, incorporando questões de âmbito administrativo que
reforçam Portugal como um país solidário e integrador de todos e todas.