Situação no INEM é muito mais grave do que o que tem vindo a público
17 de jul. de 2024, 11:41
— Lusa/AO Online
“A situação no
INEM é muito mais grave, infelizmente, do que o que tem vindo a público.
Nós recebemos denúncias diárias de atrasos superiores a uma hora e a
duas horas só no envio de ambulâncias. Diariamente estão várias dezenas
de chamadas nas centrais do INEM para serem atendidas à espera de uma
resposta, o que tem consequências diretas na vida e, infelizmente, na
morte dos portugueses”, afirmou Rui Lázaro, após uma reunião com a
coordenadora do BE, Mariana Mortágua, na sede do partido, em Lisboa.Em
declarações aos jornalistas, Rui Lázaro alertou que “ou se inicia já
esta retoma, este inverter da degradação que se tem verificado, ou as
consequências vão piorar nos próximos dias”. “Estamos
numa altura de verão, numa altura em que os serviços de emergência
médica são muito solicitados. As medidas são para ontem, porque amanhã
pode já ser tarde”, alertou. O responsável
avisou que a emergência médica no país “está hoje em pré-colapso” e que
o sindicato ainda não avançou com uma greve “numa tentativa de não
piorar” a situação.Para este sindicato é
importante que “a tutela, nomeadamente através do reforço e da
valorização da carreira de técnico de emergência pré-hospitalar, possa
dar um sinal que seja suficientemente atrativo para atrair os técnicos”
para os concursos.“Os últimos concursos
ficaram praticamente vazios. Não há melhora no tempo de resposta das
ambulâncias, nem diminuição das chamadas de espera nas centrais, se a
carreira destes técnicos não for valorizada. Portanto, será uma questão
de tempo até agendarmos greve se nada for feito nos próximos dias, nas
próximas semanas”, frisou.Momentos depois,
a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, anunciou que o seu partido vai
votar contra o Orçamento do Estado para 2025, criticando várias das
medidas adotadas pelo executivo PSD/CDS-PP, nomeadamente na saúde. “A
prestação da ministra da Saúde é um desastre. A prestação deste Governo
no campo da saúde é um desastre. Foram comprados conflitos com quase
todos os setores profissionais, com administrações hospitalares, com
presidentes de institutos e instituições importantes do SNS, sem trazer
nenhuma resposta e o que está em curso é um plano de privatização da
saúde”, criticou.A coordenadora do BE, que
esteve esta tarde reunida com diversos sindicatos do setor da saúde,
representativos de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de
emergência pré-hospitalar, entre outros, criticou a “atitude predatória
do privado face ao público”.“O facto de o
SNS recorrer de forma excessiva ao privado é um fator de desorganização
do próprio SNS e é um fator de desperdício de recursos públicos do
próprio SNS”, considerou. Outra das
conclusões que Mariana Mortágua disse ter retirado da reunião foi a de
que “o plano de emergência apresentado pela ministra da Saúde não é
plano nenhum e não resolve qualquer emergência”. A bloquista defendeu também que “não é possível resolver o problema do SNS sem carreiras e salários”.“Sem
carreiras o que se está a dizer é que o SNS cada vez mais depende de
tarefeiros. Ora, os tarefeiros são uma fonte de desorganização do
próprio SNS, como estamos cansados e cansadas de saber. E por isso, a
terceira conclusão que sai desta reunião é a conclusão mais óbvia: para
resolver o problema do SNS é preciso responder a carreiras e a salários
das pessoas que trabalham no SNS”, sustentou.