Situação "dramática" do turismo nos Açores exige medidas "com urgência"
Covid-19
21 de out. de 2020, 15:30
— Lusa/AO Online
A posição surge num
comunicado enviado às redações na sequência de uma reunião, na
terça-feira, entre a Direção e a Comissão Especializada do Turismo da
Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada.Segundo
a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, os dados de setembro
e de outubro "evidenciam a continuação da trajetória negativa, bem como
as perspetivas para os próximos meses"."Da
análise dos últimos dados estatísticos disponíveis, foi constatada a
quebra muito significativa das dormidas na região, apresentando uma
diminuição de 74,4%, no período de janeiro a agosto, sendo a redução dos
proveitos ainda mais acentuada, ou seja de 78,6%", aponta o documento.No
caso de São Miguel, a maior ilha dos Açores, a Comissão Especializada
do Turismo da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada refere que
a ilha "apresentou uma diminuição nas dormidas e nos proveitos mais
elevada que a média regional, sendo apenas inferior à verificada no
Faial".Mas, "todas as ilhas, com exceção do Corvo, apresentaram quedas superiores a 50%", acrescenta."os
Açores foram a região do país que apresentou a maior queda, quer a
nível de dormidas de residentes e de não residentes e também ao nível
dos proveitos nos estabelecimentos de alojamento turístico", segundo a
associação empresarial, vincando que "estão a verificar-se,
infelizmente", as previsões da Câmara, que apontavam para "uma queda do
setor em 2020 na ordem dos 80%".Para a
Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, "sem a adoção de
medidas céleres e adequadas à dimensão da situação que as empresas estão
a atravessar", a região "estará a breve prazo perante uma situação de
perda de capacidade instalada e de desemprego de recursos humanos
especializados".O setor necessita, "com
urgência, de uma estratégia e de um plano devidamente dotado, que sejam
consistentes, com medidas e recursos financeiros adequados para a
promoção e para a retoma, à semelhança do que a CCIA propôs aquando da
primeira consulta para um plano de recuperação, já lá vão largos meses",
lê-se no comunicado.A associação
empresarial analisou o envelope financeiro do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), que foi recentemente entregue em Bruxelas, e no que
se refere concretamente aos Açores, constata com "enorme desilusão, as
parcas verbas direcionadas à recuperação no setor privado e, em
particular, do setor do turismo"."A
reduzida afetação de recursos direcionados para os setores produtivos,
contrasta com a lógica de consumo largamente maioritário de recursos
pelo setor público, não transacionável e não reprodutivo", critica.O
plano que a CCIA (Câmara do Comércio e Indústria dos Açores) "propôs em
maio, na ordem dos 500 milhões de euros para o setor privado, continua a
revelar-se mais próximo da realidade e das necessidades das empresas. O
plano agora proposto representa, para os setores mais afetados, menos
de 35% dos valores necessários, com a administração pública e setores
afins a consumirem grande parte das verbas disponibilizadas que são,
mesmo assim, demasiado parcas para mitigar a o problema criado pela
pandemia", lê-se no comunicado.