Situação da Liga "é uma espécie de golpe palaciano"
Júlio Mendes revelou hoje, à saída da Assembleia-geral extraordinária na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), que "não foi cumprida uma decisão do tribunal que impedia a realização da sessão presidida pelos membros presentes"

Autor: Lusa/AO online

O presidente do Vitória de Guimarães que, em protesto, e por "não reconhecer legitimidade aos membros que presidiam a mesa da Assembleia-Geral, abandonou a reunião a meio, afirmou que tudo se trata de "uma espécie de golpe palaciano" e que o futebol "caminha a passos largos para o abismo".

"Saíram cinco clubes da I Liga e ficaram fundamentalmente os clubes da II Liga porque as pessoas que estavam a presidir a mesa da Assembleia-geral recusaram aceitar uma situação do tribunal e que as obriga a não presidir os trabalhos, em virtude de uma providência cautelar interposta pelo Vitória Sport Clube”, disse Júlio Mendes.

De acordo com o dirigente, essa providência cautelar não reconhece legitimidade a esta mesa para dirigir os trabalhos, pelo que “foi proposto que os trabalhos fossem dirigidos pelos próprios associados conforme os regulamentos preveem e foi proposto às pessoas que abandonassem a assembleia”.

“Mais uma vez, as pessoas agarravam-se a fundamentos o mais disparatados possível para recusar aquilo que é óbvio para todos. Para se recusarem a cumprir uma ordem judicial porque querem manter-se agarrados a uma lógica que os associados não entendem", afirmou Júlio Mendes.

O dirigente defendeu ainda que "existe uma ditadura que se quer agarrar ao poder, contra aquilo que a maioria dos clubes tem vindo a dizer", e esclareceu que pretendem que "as eleições sejam repetidas", denunciado as ilegalidades com as quais se debateram no ato eleitoral da semana passada, ao qual foi apenas admitida a lista do atual presidente, Mário Figueiredo, e recusadas as candidaturas de Fernando Seara e Rui Alves.

"Entendemos que as eleições devem ser repetidas. Não entendemos como é que há uma comunicação aos associados, na véspera de um feriado, passada a meia-noite, relativamente à decisão de validação das listas das candidaturas, sabendo as pessoas que nem os clubes nem os candidatos poderiam fazer nada porque a seguir era feriado e na quarta-feira era o dia da votação. Isto tudo foi pensado e programado. Existe uma lógica que defende o interesse de poucos e que está à vista de toda a gente", disse.

Júlio Mendes não está otimista em relação ao futuro da Liga e não escondeu os seus receios, afirmando que "os patrocinadores não se reveem numa situação que se governa deste modo” e que “os clubes correm o risco de ter que pagar a realização das próprias competições por falta de patrocinadores”.

O presidente do Vitória de Guimarães admitiu ainda a possibilidade de os clubes fazerem greve no início do campeonato, referindo, no entanto, que essa medida só será tomada caso "não se consiga resolver tudo pela via do diálogo".