Sitava diz que trabalhadores foram alvo de “chacota” e vai defender emprego e salários
TAP
14 de dez. de 2020, 11:57
— Lusa/AO Online
“[Foi] um final de semana
onde os trabalhadores da TAP foram, em todas as rádios, jornais e
televisões, o alvo predileto da chacota e da sapiência nacional, onde os
jornalistas e sobretudo os ilustres comentadores foram apimentando as
emissões, acabando por ter o seu epílogo com as declarações de vários
senhores ministros, que por fim conferiram ao tema a necessária
credibilidade”, afirmou o sindicato, em comunicado enviado às redações,
na sequência da apresentação do plano de reestruturação da companhia, na
sexta-feira, que prevê o despedimento de 2.000 trabalhadores e reduções
salariais de 25%.“Segundo os governantes,
os trabalhadores da TAP andam, afinal, há anos, a roubar os
portugueses. Foi, portanto, decretado neste final de semana que os
trabalhadores da TAP vão passar a ser uma espécie de sem-abrigo a quem
os ‘contribuintes portugueses’, por especial favor, vão pagar um
salário, que, por isso, tem de ser pequenino, porque quanto maior for,
mais os portugueses têm que pagar”, acrescentou o Sitava.O
sindicato garantiu que “tudo fará para promover a unidade de todos os
trabalhadores e das suas estruturas de classe”, a fim de organizar “a
defesa intransigente dos postos de trabalho e dos salários”.Na
sua ótica, os custos com os trabalhadores são apenas uma das parcelas
“e nem sequer a maior”, exigindo saber qual será a redução de custos
noutras rubricas, “como por exemplo nas negociatas dos 'leasings', dos
combustíveis, das taxas e comissões, dos fornecimentos externos”, entre
outras.“Vem agora o poderoso patrão,
impondo à força de lei o corte do salário livremente negociado, anunciar
candidamente que ‘se quiseres cortar mais, dou-te mais um posto de
trabalho’. Não, isto não é aceitável, isto é terrorismo!”, apontou o
Sitava, lembrando que o salário dos trabalhadores da TAP é “o produto da
venda da nossa força de trabalho” e não deve ser cortado em troca de um
posto de trabalho.O Governo entregou na
quinta-feira o plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia, que,
segundo detalhou o ministro na sexta-feira, prevê o despedimento de 500
pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e
engenharia e 250 das restantes áreas.O
plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do
número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88
aviões.Como a Lusa noticiou em novembro, a
TAP vai propor aos trabalhadores um pacote de medidas voluntárias, que
incluirá rescisões por mútuo acordo, licenças não remuneradas de longo
prazo e trabalho a tempo parcial.Numa
comunicação enviada então aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, a
administração referia já que "quanto maior for a adesão, menor será a
necessidade de outras medidas a decidir futuramente".