Sintap volta a pedir carreira específica para trabalhadores da RIAC, mas PS rejeita
28 de jun. de 2019, 18:00
— Lusa/AO Online
“O Sintap defende
uma carreira específica a ser criada para estes trabalhadores, que são
100 na região, e que desempenham efetivamente funções de grande
complexidade”, adiantou o dirigente sindical Luís Armas, em declarações
aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, à saída de uma audição na
Comissão de Política Geral da Assembleia Legislativa dos Açores.O
dirigente do Sintap foi ouvido no âmbito da discussão de um projeto de
resolução apresentado pelo PSD, que recomenda ao Governo que “inicie um
processo negocial com as organizações representativas dos trabalhadores,
nos termos da lei, que permita a dignificação e valorização
profissional dos assistentes administrativos da RIAC”.Há
vários anos que o sindicato defende uma carreira específica para os
funcionários da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão, alegando que o
trabalho que desempenham é complexo e que obriga à utilização de cerca
de 800 aplicações.A reivindicação já deu
inclusivamente origem a duas greves, mas o executivo açoriano tem dito
que não tem competência legal para criar carreiras específicas.A
posição foi reiterada hoje pelo Partido Socialista, em maioria absoluta
no parlamento, que disse ter conhecimento de dois pareceres jurídicos
que afirmam que essa opção não é viável.“Estamos
aqui perante uma divergência, do nosso ponto de vista, insanável. Nós o
que consideramos é que não é possível no atual enquadramento autonómico
e constitucional criarmos carreiras especiais nos Açores. Isso vale
para a RIAC e para outros departamentos e consequentemente essa eventual
melhoria e dignificação das carreiras na RIAC terá de ser prosseguida
por outros meios”, salientou o deputado do PS José San-Bento, em
declarações aos jornalistas.Questionado
sobre a possibilidade de recurso a uma anteproposta de lei para que a
criação dessa carreira específica pudesse ser aprovada na Assembleia da
República, o deputado socialista disse que a opção não está a ser
considerada.“Poder, pode, mas nós não
consideramos neste momento essa possibilidade. Aquilo que nos foi pedido
foi criar uma carreira especial na região e isso nós não podemos
fazer”, avançou.Para o dirigente sindical
do Sintap, se a região não tem competências para legislar nessa matéria,
o executivo deve “partir para outras soluções”, como a criação de um
“suplemento remuneratório”, que compense os trabalhadores pela
complexidade do seu trabalho.José
San-Bento admitiu que a valorização remuneratória é legal, mas defendeu o
recurso a outras opções para a dignificação da carreira, como a
atribuição de folgas ou férias. “Possível
é, mas o estatuto remuneratório da RIAC está perfeitamente definido e
aliás é um caso de sucesso nos Açores o funcionamento na RIAC. Neste
momento não temos essa possibilidade em cima da mesa. Tenho-me debatido
para nós considerarmos a dignificação dessas carreiras, através de
outros elementos que não propriamente a questão remuneratória e é neste
campo que nós gostaríamos de encontrar uma solução”, salientou.Para
o deputado socialista, a atribuição de um suplemento remuneratório pode
provocar desigualdades entre os assistentes técnicos da administração
pública regional.“A questão da
complexidade das funções pode ser alegada por muitos outros serviços da
administração e nós, numa postura de responsabilidade financeira e de
justiça, temos de considerar estes aspetos. Não podemos fazer uma
discriminação positiva da RIAC de uma forma que não corresponda ao
elemento central e de justiça relativa de toda a administração
regional”, frisou.Sem revelar a intenção
de voto do PS, José San-Bento criticou o proposta dos social-democratas,
alegando que se o PSD estivesse convicto da possibilidade de criação de
uma carreira especial teria apresentado um decreto legislativo regional
em vez de um projeto de resolução. O
deputado social-democrata Bruno Belo disse, no entanto, que o PSD
apresentou “intencionalmente” uma proposta abrangente, para dar
liberdade ao executivo para negociar uma solução que seja “responsável
para as contas da governação, mas que também possa dar minimamente
resposta àquilo que são os anseios dos funcionários da RIAC”. “Essencialmente,
o que a proposta pretende é que o Governo se sente à mesa com os
sindicatos e que encontre uma plataforma de entendimento que vise dar
resposta aos anseios dos funcionários da RIAC”, sublinhou.Segundo
Bruno Belo, há atualmente um “tratamento desigual” em relação aos
funcionários da RIAC, que “desempenham uma multiplicidade de tarefas que
um funcionário normal da administração pública regional não desempenha”
e são mobilizados “dentro da sua ilha, sem aviso prévio, no próprio
dia, às suas custas”.