SINTAP acredita que descentralização será para concretizar nesta legislatura
19 de out. de 2017, 17:45
— Lusa/AO online
"A minha convicção é
que o Governo fará tudo no sentido de levar por diante a
descentralização, porque é a reforma mais relevante, logo após o 25 de
Abril, no que concerne à transferência de competências, cumprindo aquilo
que é a proximidade aos cidadãos", disse à Lusa José Abraão. Questionado
acerca da designação do até agora ministro Adjunto Eduardo Cabrita para
substituir Constança Urbano de Sousa no Ministério da Administração
Interna, o dirigente do SINTAP salientou que "os ministros têm por
missão cumprir aquilo que é uma política desenvolvida pelo Governo". "O
que está em causa neste momento são compromissos do Governo, e até do
primeiro-ministro, no sentido de levar por diante a descentralização e
ter o quadro legal definido tanto quanto possível até ao final do ano",
frisou. O sindicalista, levando em conta que o processo se
encontra "relativamente avançado", não acredita que exista uma
"alteração de política" e que o novo ministro responsável pela área das
autarquias concretizará aquela que será uma das maiores reformas do
país. O advogado Pedro Siza Vieira, de 53 anos, até agora membro
da Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas, substituirá
Eduardo Cabrita nas funções de ministro Adjunto do primeiro-ministro. "Há
um conjunto de serviços, de áreas de intervenção do Estado, em que,
pela proximidade, as autarquias fazem melhor, quer seja no âmbito dos
apoios sociais ou na política da gestão das florestas, por exemplo",
apontou José Abraão. O secretário-geral do SINTAP, afeto à UGT,
considerou que a descentralização de competências para as autarquias,
permitindo também uma redução de custos do Estado, "será a maior reforma
estrutural que se poderia promover". "Estamos disponíveis para
negociar tudo aquilo que tenha a ver com recursos humanos, por forma a
garantir as melhores condições de gestão desses recursos", referiu. O
dirigente sindical admitiu como principais "calcanhares de Aquiles" da
descentralização a transferência de funcionários "na educação e na
saúde, mas mostrou-se confiante de que a experiência dos contratos nas
escolas, por exemplo, assegure "todos os direitos dos trabalhadores". Apesar
de antever "alguma resistência" na transferência de trabalhadores em
algumas áreas, José Abraão acrescentou que tudo dependerá "da forma como
se operacionaliza" essa passagem e advogou a necessidade de se atender à
especificidade da realidade dos municípios nos territórios de baixa
densidade. O primeiro-ministro propôs na quarta-feira ao
Presidente da República a nomeação de Eduardo Cabrita para o cargo de
ministro da Administração Interna, após a demissão de Constança Urbano
de Sousa, na sequência dos incêndios que desde junho provocaram mais de
uma centena de mortos, e de Pedro Siza Vieira para ministro Adjunto.