Sintap/Açores acusa Governo Regional de não cumprir a lei na negociação coletiva
12 de fev. de 2019, 16:08
— Lusa/AO Online
“Sempre
que se discutir matérias que tenham a ver com o estatuto
jurídico-laboral dos trabalhadores da administração pública, devem o
Governo da República e o Governo Regional abrir um processo negocial com
os sindicatos e não tem sido feito”, acusou o presidente do
Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com
Fins Públicos (Sintap) dos Açores, Francisco Pimentel.O
sindicalista falava numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo,
na qual apresentou os motivos que levam os funcionários públicos
açorianos a aderir à greve nacional nos dias 14 e 15 de fevereiro.Além
das reivindicações comuns aos restantes funcionários do país, nos
Açores, o Sintap reclama o cumprimento da lei em matéria de negociação
coletiva e vai alertar o Representante da República para aquela Região
Autónoma, pedindo que o Presidente da República verifique se houve
negociação com os sindicatos, antes de promulgar qualquer lei. Outra
das reivindicações regionais do sindicato é a mobilidade
intercarreiras, que, segundo Francisco Pimentel, não está a ser cumprida
nos Açores, como acontece no continente.“Os
trabalhadores da administração pública que apostaram na sua valorização
profissional, que tiraram o 12º ano ou uma licenciatura, fazem aquilo
que a lei permite, que é requerer a mobilidade intercarreiras. É verdade
que é uma faculdade, mas sistematicamente a vice-presidência tem
chumbado a mobilidade intercarreiras, em contraste com o que faz o
Governo da República, que só na área da Segurança Social autorizou 600
pessoas”, apontou.O
Sintap/Açores exige ainda a valorização dos funcionários da Rede
Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC), que em 2018 fizeram greve duas
vezes, entre 02 e 04 de maio e nos dias 20 e 21 de dezembro, exigindo
uma carreira própria.“Os
trabalhadores da RIAC são pau para toda a obra. De vez em quando, vemos
o senhor vice-presidente do Governo anunciar mais funções e mais
tarefas para os trabalhadores da RIAC”, salientou Francisco Pimentel,
alegando que estes funcionários estão a ganhar “a base da carreira de
assistente técnico”.Apesar
das reivindicações específicas, a principal preocupação dos
funcionários públicos açorianos é comum aos restantes trabalhadores do
país e prende-se com o aumento salarial. “Vamos
ter mais um ano na administração pública sem aumentos salariais, isto
é, os trabalhadores da administração pública vão estar uma década sem
aumentos salariais”, frisou o presidente do Sintap.Segundo
Francisco Pimentel, apenas “2 a 3% dos trabalhadores da função pública”
tiveram atualizações salariais em 2019, na sequência do aumento do
valor base da carreira de assistente operacional para os 635,07 euros,
que mesmo assim provocou desigualdades, porque alguns funcionários
perderam 10 pontos que lhes permitiam progredir na carreira, passando a
auferir um salário superior.“Estas
pessoas vão estar mais uma década à espera para subirem, quando quem
entra agora passa logo para os 635 euros. Isto vai criar um mau estar e
uma divisão dentro dos próprios assistentes operacionais na base da
carreira e isto é inadmissível”, salientou.O
Sintap/Açores vai entregar uma resolução com as suas reivindicações,
esta quinta-feira, ao Representante da República, em Angra do Heroísmo, à
presidência do Governo Regional, em Ponta Delgada, e à Assembleia
Legislativa, na Horta.