Sínodo pede que Igreja Católica crie ambientes mais seguros para os menores
27 de out. de 2024, 08:32
— Lusa
O documento com as conclusões
foi validado pelo Papa Francisco, que esta tarde ordenou a sua
publicação imediata, revelando que não escreverá uma exortação
apostólica com indicações a este respeito, como tem sido habitual.O
Sínodo - uma cimeira com bispos de todo o mundo e, por ordem do Papa,
também com leigos e mulheres com direito de voto - chegou a acordo sobre
este texto no qual é feita referência especial aos casos de abuso de
menores e pessoas vulneráveis.“A crise dos
abusos, nas suas diversas e trágicas manifestações, causou um
sofrimento indescritível e muitas vezes duradouro às vítimas e aos
sobreviventes, bem como às suas comunidades, abusos espirituais,
económicos, institucionais, de poder e de consciência por parte do clero
ou de pessoas com deveres eclesiásticos”, é referido no documento.No
texto é recomendada a “escuta” como “elemento fundamental” do “caminho
da cura, do arrependimento, da justiça e da reconciliação”.“A
Igreja deve reconhecer as suas próprias faltas, pedir humildemente
perdão, cuidar das vítimas, dotar-se de instrumentos de prevenção e
esforçar-se por reconstruir a confiança mútua no Senhor”, é referido num
dos pontos.Numa outra secção, destaca-se
que os debates têm incentivado “promover em todos os âmbitos eclesiais
uma cultura de proteção para tornar as comunidades lugares cada vez mais
seguros para menores e pessoas vulneráveis”.O
Sínodo assume que o trabalho “já começou” para dotar a Igreja de regras
e procedimentos legais que evitem abusos e possam responder a possíveis
“comportamentos impróprios” e acrescenta que “é essencial que a Igreja
ative e promova uma cultura de prevenção em todo o mundo”.Participaram
no Sínodo 358 membros, incluindo 272 bispos e 53 mulheres, e vários
pontos dedicados a casos de abuso no documento final refletem uma
convergência importante, uma vez que apenas uma dúzia de participantes
votaram contra a inclusão deste tópico, em comparação com cerca de 340
que o fizeram.No final, o Papa revelou que
não publicará uma exortação apostólica que inclua as ideias apoiadas
pelo documento final, o que fez depois das assembleias dedicadas à
família (2015) ou à Amazónia (2019).“Neste
tempo de guerras, devemos ser testemunhas de paz, aprendendo também a
dar forma real à coexistência das diferenças. Por isso, não tenciono
publicar uma exortação apostólica”, disse o Papa Francisco.No
discurso proferido perante os 368 pais e mães sinodais na sala Paulo VI
do Vaticano – onde hoje foi votado o documento final com as propostas
concretas para uma Igreja menos clerical e mais inclusiva - Francisco
declarou que só se limitará à publicação deste relato do evento para
conhecimento de todos. No seu discurso,
Francisco deixou claro que no documento final “já existem indicações
muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos
diferentes continentes, nos diferentes contextos” e que, por isso, ele
quer colocá-lo "disponível para todos".