Sindicatos querem intervenção do Governo no caso dos ex-trabalhadores da Cofaco
19 de abr. de 2021, 14:17
— Lusa/AO Online
“Na
nossa opinião, será mais benéfico, para a resolução deste problema, ele
ser tratado pelo secretário do Trabalho, pelo secretário da
Solidariedade Social, que neste caso é o vice-presidente do Governo
Regional, e pelo próprio presidente do Governo Regional", frisou Victor
Silva, porta-voz da delegação sindical que foi recebida pelo chefe
de gabinete do Secretário Regional do Mar, na cidade da Horta.A
delegação sindical, constituída pelo Sindicato das Indústrias
Transformadoras, Alimentação, Comércio, Escritórios, Hotelaria e Turismo
(SITACEHT/Açores) e pela CGTP-IN, lembrou que a majoração de apoios aos
ex-trabalhadores da Cofaco, despedidos pela fábrica em 2018, foram
aprovados pela Assembleia da República, mas até hoje nunca foram
regulamentados."Nós não sabemos quando é
que a lei da República vai ser cumprida. Nós temos uma situação de
completa anormalidade. A lei está praticamente definida, falta acertar a
quem se vai aplicar, desde quando se vai aplicar e como se vai
aplicar", recordou aquele dirigente sindical, adiantando que "só o
Governo de António Costa sabe por que razão a lei ainda não foi
regulamentada".Em maio de 2018, a
conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha
do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma
nova fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100
trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250, mas,
entretanto, a empresa desistiu de avançar com o projeto.Para
Victor Silva, a não construção da nova fábrica da Cofaco do Pico só vem
aumentar a necessidade de se apoiar socialmente os ex-trabalhadores,
que estão confrontados com a "terrível realidade" de não existir
qualquer projeto mobilizador com dimensão económica e social para o
desenvolvimento do Pico."Lamentamos a
forma como este processo foi conduzido e acompanhado politicamente, não
se exigindo compromissos, contrapartidas e garantias a uma empresa que
recebeu tantos milhões de subsídios públicos durante tantos anos",
lamentou ainda o porta-voz da delegação sindical.Recorde-se
que, em setembro de 2020, foi aprovado na Assembleia da República um
projeto de lei que previa a criação de um programa especial de apoio
social para os ex-trabalhadores da Cofaco do Pico, medida que já tinha
constado de um projeto de resolução aprovado em 2018 e que tinha sido
integrada no Orçamento de Estado para 2020.A
lei foi publicada a 11 de novembro, mas ainda não foi regulamentada, e
segundo os sindicatos, a maioria dos ex-trabalhadores deverá perder o
acesso ao subsídio de desemprego em abril ou maio deste ano.Em
causa está a majoração, em 20%, do valor do subsídio de desemprego e o
prolongamento da sua duração, que é duplicada, bem como a majoração em
25% do abono de família e em 20% do rendimento social de inserção.