Sindicatos que convocaram greve de enfermeiros entregaram nova proposta à tutela
6 de nov. de 2018, 11:07
— Lusa/AO Online
Em
declarações à Lusa, Lúcia Leite, da Associação Sindical Portuguesa de
Enfermeiros (ASPE), que, em conjunto com o Sindicato Democrático dos
Enfermeiros de Portugal (Sindepor), convocou a paralisação dos
enfermeiros a serviços cirúrgicos de cinco centros hospitalares, disse
esperar que até à próxima reunião com a tutela, agendada para dia 15, a
nova ministra da Saúde, Marta Temido, analise a proposta e frisou que
até dia 22, quando se inicia a greve, há ainda muito tempo para
negociar.A
dirigente sindical entende, no entanto, que a “proposta fechada” e
“pronta a publicar” entregue pelas duas estruturas “é razoável e
equilibrada” e “reflete os princípios gerais enunciados pelos sindicatos
dos enfermeiros”, não diferindo muito de outra proposta anterior da
autoria da ASPE.Segundo
Lúcia Leite, o “único capítulo em branco” na proposta entregue é o que
diz respeito às normas transitórias, que apenas poderá ser preenchido
pelos sindicatos quando souberem, da parte da tutela, o que é ou não
aceite no documento.A
dirigente sindical explicou que a proposta apenas vai ser tornada
pública dentro de dois dias, porque as estruturas não querem misturar a
negociação dos serviços mínimos da greve com a divulgação do documento.Contudo,
adiantou, por exemplo, que a tabela remuneratória proposta pelas duas
estruturas é praticamente igual à de 2010, com duas alterações
significativas: introduz a categoria de enfermeiro-especialista, o que
significa que a carreira passa a ter três categorias, ao invés de duas, e
elimina os dois índices remuneratórios mais baixos da carreira de
enfermeiro.O
objetivo é que estes profissionais tenham no início de carreira salários
semelhantes aos de outros profissionais de saúde, disse Lúcia Leite.A
dirigente da ASPE quis ainda esclarecer que os sindicatos, apesar de
reconhecerem a iniciativa como “boa, inovadora e entusiasmante”, não têm
qualquer intervenção na campanha de angariação de fundos ‘online’
lançada por um grupo de enfermeiros, nem na recolha, nem na distribuição
dos fundos angariados, sublinhando que isso seria uma ação ilegal da
parte dos sindicatos.A
única forma a que as estruturas sindicais poderiam recorrer para apoiar
financeiramente uma paralisação seria um fundo de greve, que têm
previsto nos seus estatutos.A
greve abrange o Centro Hospitalar Lisboa Norte, o Centro Hospitalar
Universitário de São João (Porto e Valongo), o Centro Hospitalar
Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Universitário do Porto e o
Centro Hospitalar de Setúbal, afirmou Lúcia Leite.O
objetivo de angariar pelo menos 300 mil euros foi superado, e contou
com donativos sobretudo de enfermeiros, mas também de médicos,
anestesistas e outros profissionais, além de amigos e familiares.A
greve pretende parar, principalmente, as cirurgias programadas, mas os
sindicatos apelam também a que os efeitos se façam sentir no serviço de
cirurgia adicional nos hospitais não abrangidos pelo pré-aviso de greve.Este
serviço é prestado fora do horário normal de cirurgias, para doentes
que estão há demasiado tempo em listas de espera, e é pago em valores
bastante mais elevados do que o serviço normal dos enfermeiros e que
funciona quase como “um serviço privado” dentro do Serviço Nacional de
Saúde, esclareceu Lúcia Leite.“Por
questões éticas”, os sindicatos apelam aos enfermeiros dos cinco
centros hospitalares abrangidos que suspendam também este serviço de
cirurgia adicional, para não poderem ser acusados de querer obter um
benefício económico por não paralisarem nas cirurgias melhor
remuneradas.