Sindicatos de professores pedem "melhoriais" no estatuto da carreira
Açores/Eleições
1 de out. de 2020, 19:00
— Lusa/AO Online
“Urge pensar e decidir com seriedade a
implementação de iniciativas que visem incentivar a estabilidade do
pessoal docente e tornar a profissão atrativa”, sublinha o Sindicato
Democrático dos Professores dos Açores (SDPA), numa posição por escrito
enviada à agência Lusa.Para o sindicato,
presidido por Ricardo Batista, “é fulcral" emitir-se legislação de
"amplo consenso regional, a bem do futuro da educação nos Açores”, sendo
necessários, por exemplo, incentivos à fixação dos docentes nas várias
ilhas, alegando a estrutura que as medidas para fixar professores "não
estão a ser concretizadas". Para o próximo
executivo açoriano, que surgirá das eleições no arquipélago, marcadas
para 25 de outubro, o SDPA mantém "a exigência da produção de
legislação, a nível da região, que limite a contratação sucessiva de
docentes e seja conducente à respetiva integração nos quadros, no
cumprimento" de diretivas comunitárias."É
absolutamente censurável e imoral usar e abusar dos docentes contratados
recorrendo abusivamente às contratações sucessivas a termo, fazendo-se,
intencionalmente, confundir necessidades transitórias com necessidades
permanentes", lê-se no documento do sindicato.Os
docentes da educação de infância e do 1.º ciclo do ensino básico "têm
direito a uma redução do horário letivo por idade e tempo de serviço em
condições de equidade com os docentes de outros ciclos e níveis de
docência", lê-se também no documento “Pensar o Futuro da Educação nos
Açores" do SDPA.Atendendo a que a carreira
docente "se tornou extremamente longa para a quase generalidade
daqueles que servem o sistema educativo regional", e considerando "o
desgaste profissional dos docentes", o SDPA pede ao próximo executivo
açoriano "a revisão da redução da componente letiva para todos os
docentes dos diversos ciclos e níveis de ensino".Na
redução da componente letiva, o SDPA defende, por exemplo, que esta "se
inicie aos 40 anos de idade e 15 anos de serviço – tendo em conta a
vitalidade física e mental necessária ao exercício da atividade docente –
extensível a todos os níveis" e a "criação de um regime específico de
aposentação para os docentes à semelhança de outras profissões", assim
como "a contagem do tempo de serviço prestado em Centros de Atividades
de Tempos Livres".O sindicato aponta ainda
que para "a grande maioria dos docentes" abrangidos pelas disposições
de transição da carreira docente, bem com os docentes contratados que
têm integrado a nova estrutura da carreira docente, "estão a ser
perdidos três anos de tempo de serviço honestamente prestado e
legalmente validado pela administração escolar" da região.Assim,
"o somatório de números de anos necessários para atingirem o último
escalão da carreira obriga ao cumprimento de 37 anos de serviço docente
classificado com Bom ou superior", acrescenta.Também
o Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) pede ao próximo
executivo a revisão do estatuto da carreira docente, voltando a
reivindicar a igualdade de horários e de reduções por antiguidade para
os docentes do 1.º ciclo e da educação pré-escolar."O
estatuto da carreira docente nos Açores diferencia-se pela positiva em
relação ao do continente e da Madeira. Na próxima legislatura, deve
manter-se o atual estatuto, mas gostaríamos de ver introduzidas
melhorias, nomeadamente acabar com a discriminação que existe
relativamente aos horários da educação pré-escolar e 1º ciclo. Achamos
ser possível que estes professores tenham um horário de 22 em vez de 25
horas", sublinhou à agência Lusa o presidente do SPRA.António
Lucas considera que há condições para que o próximo executivo mude esta
situação e promova também igualdade de tratamento entre os docentes dos
vários níveis de ensino no que se refere às reduções de horário por
antiguidade a partir dos 50 anos de idade.Quanto
à profissão docente, o dirigente sindical diz que a região fez "um
percurso interessante e tem um modelo de gestão democrática que se deve
manter" na próxima legislatura."Temos um
bom diploma de concursos para integração nos quadros anuais, também
pretendemos manter o diploma de concursos atual", disse. As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem em 25 de outubro.Nas
anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos
votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra
30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do
CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.Nas
eleições regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por
cada ilha, mais um círculo regional de compensação que reúne os votos
que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos
de ilha.O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.Vasco
Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as
legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve
16 anos no poder, apresenta-se de novo a votos para tentar um terceiro e
último mandato como chefe do executivo.