Sindicatos de professores dos Açores divergem sobre texto de recuperação de serviço
25 de mar. de 2019, 18:00
— Lusa/AO Online
Para o Sindicato dos Professores da Região
Açores (SPRA), a proposta, não sendo perfeita, é a melhor das três
apresentadas no país, enquanto para o Sindicato Democrático dos
Professores dos Açores (SDPA) a proposta peca por não corrigir um défice
de três anos provocado pela alteração das normas de transição entre
carreiras.“É grave que não seja
aproveitada esta oportunidade para corrigir o prejuízo que foi imposto
aos professores desde 2015, resultante das normas de transição entre
carreiras que foram aplicadas, o que faz com que a carreira se converta
numa carreira de 37 anos, quando o que está definido no estatuto é 34 e o
que fazem o Ministério da Educação e a Região Autónoma da Madeira é uma
carreira de 34 anos”, adiantou José Gaspar, presidente do SDPA. O
dirigente sindical falava, em declarações aos jornalistas, à margem de
uma audição em Angra do Heroísmo na Comissão de Assuntos Sociais da
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.A
deputada socialista Sónia Nicolau frisou que a alteração das normas de
transição entre carreiras não eram objeto do diploma em discussão, mas
José Gaspar alegou que o Governo Regional não pode manter a “retórica”
de que a carreira nos Açores é melhor do que no continente quando é mais
longa. “Não se diga que a carreira dos
Açores é a melhor, porque um professor do Ministério da Educação com 34
anos de serviço passa para o segundo escalão e um professor na região
tem de estar sete anos no primeiro escalão. Há uma diferença de três
anos de tempo de serviço que tem de ser corrigida”, sublinhou.A
proposta do Governo Regional prevê a recuperação integral do tempo de
serviço congelado nos Açores (entre 2011 e 2017), de forma faseada,
durante seis anos, com efeitos a partir de 01 de setembro de 2019.José
Gaspar defendeu que a recuperação do tempo de serviço nos Açores
deveria ter efeitos a partir de janeiro de 2019, como acontece na
Madeira, e que deveria ser feita em cinco anos, para corrigir de forma
mais célere “um prejuízo enorme que afeta a classe docente”, alegando
que cerca de metade dos professores dos Açores “estão retidos nos três
primeiros escalões”.Por outro lado,
lamentou que o documento exclua a reposição do período entre 2005 e
2007, alegando que “algumas dezenas de docentes” não viram esse tempo
contabilizado. Já o presidente do SPRA,
António Lucas, considerou que a proposta satisfaz os dois principais
princípios defendidos pelo sindicato: a recuperação total do tempo e a
não existência de constrangimentos orçamentais. “É
o melhor diploma dos três, porque os outros dois já estão em vigor, o
da República só recupera 30% do tempo que esteve descongelado e o do
Madeira, embora permita a recuperação total para uma parte significativa
dos professores, tem constrangimentos orçamentais”, salientou.O
sindicalista alertou para a “ambiguidade” do diploma no que se refere à
possibilidade de recuperação do serviço prestado entre 2011 e 2017 para
quem integrar o quadro da região a partir de 2025, mas ressalvou que a
fórmula de cálculo encontrada para contabilizar os anos de serviço torna
o diploma mais benéfico do que o da Madeira. “Quem
entra mais tarde para o quadro, desde que tenha feito nos Açores o
tempo de serviço congelado poderá recuperá-lo, ao contrário da Madeira
em que alguém que entre para o quadro ao longo do processo de
recuperação o tempo para trás já não é recuperável”, avançou.Os
dois sindicatos têm igualmente uma visão diferente sobre a
possibilidade de o período de recuperação faseada ser encurtado face ao
número de aposentações em cada ano.O
presidente do SDPA considerou que a medida “não terá efeitos práticos”,
tendo em conta que só existirá uma bonificação se o número de
aposentações for superior a 60 e, desde 2014, o número tem ficado abaixo
dos 35. No entanto, o dirigente do SPRA
disse não ter dúvidas de que “as 60 aposentações vão ser excedidas” ao
longo do processo, alegando que não se pode “fazer uma projeção com base
no passado”.