Sindicatos de enfermeiros saem com posições opostas das negociações com a tutela
26 de out. de 2022, 12:06
— Lusa/AO Online
Os
sindicatos dos enfermeiros e o Governo retomam as negociações
sobre a valorização da carreira, que foram interrompidas na sequência da
demissão da anterior ministra da Saúde, Marta Temido, no final de
agosto.O Sindicato dos Enfermeiros
Portugueses foi o primeiro a ser ouvido no Ministério da Saúde e
saiu com a convicção de que o processo negocial está prestes a ser
concluído, ao contrário do Sindicato dos Enfermeiros, que diz que se o
documento entregue pela tutela não for alterado, o acordo está
“muito longe” de ser alcançado.No final da
reunião, a dirigente sindical do SEP Guadalupe Simões disse à agência
Lusa que o Ministério da Saúde entregou na reunião um projeto de
decreto-lei que vai ao encontro das matérias defendidas para a solução
dos problemas por parte do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e que
já tinham sido objeto de negociação com a anterior equipa ministerial.“Confirma-se
a contabilização de pontos para efeitos de progressão para os
enfermeiros com contrato individual de trabalho e a contagem de pontos
para os enfermeiros com contrato de trabalho em funções públicas” de
acordo com os anos de serviço, disse Guadalupe Simões.A
dirigente sindical adiantou que ficou marcada uma nova reunião no dia
02 de novembro e que, “à partida, será a fase final deste processo
negocial”.“De acordo com aquilo que hoje
nos foi entregue e que confirma as soluções que já tinham sido
encontradas de contabilização dos pontos, na realidade o processo
negocial aproxima-se do seu fim, ainda com o impacto orçamental que
também era o compromisso assumido pelo Governo e uma exigência nossa no
ano de 2022”, salientou Guadalupe Simões.Já
o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), Pedro Costa, considerou
que o documento hoje proposto pela tutela divide “os enfermeiros mais
qualificados e os menos qualificados” e, como tal, o SE não pode
compactuar com isso.“O que nos foi
proposto como documento final é que o Governo pretende dividir os
enfermeiros mais qualificados e os menos qualificados, em que os menos
qualificados têm mais valorização do que os enfermeiros que investiram
na sua formação e são enfermeiros especialistas neste momento e nós não
podemos permitir isso”, disse Pedro Costa.O
líder sindical adiantou que exigiram “uma reunião imediata” para
clarificar esta situação que ficou marcada para a próxima semana. Segundo
Pedro Costa, a questão dos enfermeiros em funções públicas e
enfermeiros com contrato individual de trabalho “está resolvida”, mas,
afirmou, “todos eles têm o mesmo problema, que é na mudança de
categoria”.“Estamos a falar de enfermeiros
especialistas, como por exemplo, enfermeiras parteiras que são
obrigadas a ter especialidade para exercer a profissão, mas vão ser
prejudicadas em relação a enfermeiros que não têm a especialidade e que
automaticamente progridem muito mais rapidamente” do que os enfermeiros
que detêm essa formação, elucidou.Perante
esta situação, Pedro Costa disse que não se pode permitir que “a
valorização da classe se faça a custo só de alguns” e avisa: “Se não
houver alteração no Governo na próxima reunião em relação a esta
situação estamos claramente muito longe de alcançar qualquer acordo”.
Em comunicado, acrescenta que “o
Ministério da Saúde, com uma medida destas, apenas vai contribuir para
aumentar a conflitualidade entre profissionais, gerando mais
descontentamento, desmotivação e, em última análise, irá levar ainda
mais enfermeiros a decidirem abandonar o SNS, por não verem reconhecida a
sua profissão.“Esperemos que, entretanto,
haja bom senso da parte do Ministério da Saúde e se recue numa matéria
tão controversa e tão geradora de injustiças entre os enfermeiros”,
acrescenta.