Sindicatos da PSP que não assinaram acordo com Governo acusam MAI de discriminação
10 de jan. de 2025, 18:06
— Lusa/AO Online
Dos quatro
sindicatos, o Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) e o Sindicato dos
Profissionais da Polícia (SPP) ainda não sabem se vão estar presentes na
reunião de segunda-feira, tendo o Sinapol ameaçado não ir ao encontro
com Margarida Blasco caso não seja divulgado o acordo assinado a 09 de
julho de 2024 com duas associações da Guarda Nacional Republicana e três
sindicatos da Polícia de Segurança Pública sobre o aumento faseado do
suplemento de risco.No passado dia 06 de
janeiro, a ministra da Administração Interna iniciou novas negociações
com os sindicatos da PSP e associações da GNR que assinaram o acordo e
em cima da mesa estão as tabelas remuneratórias, carreiras e revisão dos
suplementos.Para a próxima segunda-feira,
a ministra tem agendado reuniões com as quatro associações da GNR e
quatro sindicatos da PSP que ficaram de fora do acordo.Na
convocatória, o Ministério da Administração Interna (MAI) apenas refere
que a reunião visa dar “cumprimento ao estabelecido no ponto cinco do
referido acordo”.O presidente do Sinapol,
Armando Ferreira, disse à Lusa que desconhece o ponto cinco do acordo e
que exigiu ao MAI a 27 de dezembro uma cópia do acordo, mas até hoje
ainda não recebeu qualquer documento.Nesse
sentido, Armando Ferreira apresentou uma queixa na Comissão de Acesso a
Documentos Administrativos (CADA) para que determine ao MAI que faculte
o acordo assinado com alguns sindicatos da PSP.O
sindicalista adiantou que não vai estar presente na reunião se não for
facultado o documento e que agendará uma conferência de imprensa para a
porta do MAI na segunda-feira à tarde.O presidente do Sinapol exigiu que o MAI cumpra a lei e trate “todos os sindicatos de forma igual”.Também
o presidente do SPP, Paulo Macedo, não garante se vai estar presente na
reunião, considerando que os sindicatos que não assinaram o acordo
estão a ser discriminados.“A ministra
optou por diferenciar as organizações sindicais e convocar primeiro os
sindicatos que assinaram o acordo. Não concordamos”, disse, relembrando
que o SPP é o segundo sindicato mais representativo da PSP.Paulo Macedo disse que a escolha das reuniões “não pode ser o critério das negociações, porque este capítulo já está encerrado”.O
presidente do Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP),
Carlos Torres, disse à Lusa que não percebe a existência de duas datas
para as reuniões e sustentou que há “uma discriminação em relação aos
sindicatos que não assinaram o acordo”. Carlos
Torres sublinhou que o primeiro assunto que vai abordar com Margarida
Blasco é perceber os critérios da marcação das reuniões e questionar os
motivos porque o sindicato não teve acesso ao acordo.O
sindicalista referiu que o SIAP sabe o que vai estar em discussão na
reunião pela comunicação social, uma vez que a convocatória não menciona
os temas das negociações e desconhece o que está previsto no acordo.
Também o presidente da Associação Nacional dos Sargentos da Guarda
(ANSG), Ricardo Rodrigues, criticou o facto de a convocatória “falar no
ponto cinco de um acordo que não tiveram acesso” e considerou que as
reuniões em dias diferentes “demonstra alguma discriminação”.No
encontro do passado dia 06, a ministra abordou com as cinco estruturas
da PSP e GNR que assinaram o acordo o calendário e a metodologia das
negociações, tendo ficado marcado três reuniões para os dias 28 de
janeiro, 24 fevereiro e 26 março.Em julho,
o Governo e três sindicatos da PSP e duas associações da GNR chegaram a
um acordo em relação ao suplemento, que se traduziu num aumento faseado
de 300 euros até 2026, passando o suplemento de risco e serviço nas
forças de segurança de 100 para 400 euros.Na altura ficou decidido uma nova ronda negocial para iniciar em janeiro.