Sindicatos contra prova de ingresso

Carreira docente

9 de nov. de 2007, 10:29 — Lusa / AO online

O Governo aprovou quinta-feira em Conselho de Ministros um decreto que define as regras da prova de acesso à carreira de professor, prevendo-se a realização de dois exames para todos os candidatos a docentes. De acordo com o dirigente da Federação Nacional de Educação (FNE) João Dias da Silva, os cursos das instituições superiores já conferem aos seus titulares uma acreditação para poderem dar aulas, não se justificando a prova de ingresso. "Esta prova perde todo o sentido. Põe em causa as instituições do ensino superior, que certificam os profissionais", referiu. João Dias da Silva disse que "se o Governo tem dúvidas que as instituições do ensino superior estão a acreditar mal os profissionais, então tem que pôr em causa os critérios de avaliação dessas instituições". Este dirigente sindical justificou ainda que, de acordo com o novo estatuto da carreira docente, os professores têm de passar por um período probatório, com a duração de um ano, durante o qual são acompanhados por um professor mais experiente. Também o dirigente da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) Mário Nogueira, entende que a "prova não faz sentido" e que só visa "criar a ilusão de que o desemprego nos professores não é aquilo que é". Mário Nogueira explicou que através da prova o Ministério da Educação “pretende reduzir a taxa do desemprego entre os professores". “Se os candidatos não passarem a prova de ingresso, então não são professores e não engrossam a lista dos desempregados", explicou. "Esta prova é um artifício que não tem como objectivo escolher os melhores. Trata-se de um novo requisito habilitacional ilegal e que visa limpar as taxas de desemprego", referiu. Mário Nogueira disse ainda que esta prova vem condicionar a mobilidade nacional, dado que nas carreiras docentes dos Açores e Madeira, a prova não é necessária. "Contudo, se um professor quiser vir dar aulas para o continente, terá de fazer a prova de ingresso", esclareceu. Segundo o dirigente sindical, o Governo devia actuar nas instituições de ensino, por considerar que a "formação dos professores em Portugal está abaixo do desejado".