Sindicatos aprovam novo estatuto docente nos Açores mas queriam mais
27 de mar. de 2023, 16:43
— Lusa
“Achamos
que se deviam também atualizar os índices salariais dos professores”,
sugeriu António Fidalgo, presidente do Sindicato Democrático dos
Professores dos Açores (SDPA), durante uma audição parlamentar na
Comissão de Assuntos Sociais do parlamento açoriano, que esteve reunida
em Ponta Delgada, para analisar a proposta do executivo de coligação.No
entender daquele sindicalista, o Governo Regional poderia criar uma
“remuneração complementar específica” para a classe docente, de forma a
tornar a carreira “mais aliciante” e mais “valorizada socialmente”, que
fosse também capaz de atrair os mais jovens.“Só
desta forma, podemos atrair profissionais mais competentes para o
exercício da docência nas escolas dos Açores”, insistiu António Fidalgo,
em resposta às questões levantadas pelos deputados à Assembleia
Legislativa dos Açores.Também António
Lucas, presidente do Sindicato do Professores da Região Açores (SPRA),
lamenta que o executivo açoriano não tenha levado em consideração, na
proposta que agora está em discussão no parlamento, as reivindicações
dos sindicatos a propósito da criação de incentivos à fixação de
professores, sobretudo nas ilhas mais pequenas.“Hoje
temos problemas sérios, sobretudo em quatro ilhas: Corvo, Flores,
Graciosa e Santa Maria”, lembrou aquele dirigente, recordando que os
quadros daquelas escolas “estão, praticamente, completos”, mas apesar
disso, “os professores do quadro não se fixam”, porque preferem,
“maioritariamente”, ir dar aulas para as duas maiores ilhas da região:
São Miguel e Terceira.António Lucas
advertiu também que a proposta agora em discussão na Comissão de
Assuntos Sociais do parlamento açoriano, tem de ser discutida e aprovada
em plenário, o mais tardar no mês de maio, para dar tempo das escolas
se prepararem para as novas regras que vão entrar em vigor no início do
próximo ano letivo.“É porque isto mexe com
os horários e as escolas vão ter de se organizar, vão ter de fazer
reuniões pedagógicas, reuniões de grupo, etc, e se calhar, no plenário
de junho já vai ser muito mais complicado”, alertou o presidente do
SPRA, em conversa com os deputados.A
recuperação do tempo de serviço e a progressão nas carreiras dos
professores foram outros temas levantados por António Fidalgo, do SDPA,
que fala mesmo na existência de situações “injustas” entre docentes que
estejam, praticamente, no mesmo nível de carreira, mas que poderão
progredir de forma diferente.“Pode
acontecer que dois professores, com o mesmo tempo e na mesma situação,
mas com uma diferença de dias, um deles possa progredir e receber o
tempo ainda em 2024 ou princípios de 2025, mas o outro tenha de esperar,
praticamente, um ano, para que consiga ir buscar o restante tempo”,
exemplificou aquele dirigente sindical.Os
dois sindicatos elogiam, no entanto, a redução do horário dos
professores do ensino básico e dos educadores de infância dos Açores,
que vão passar a ter, de acordo com a proposta do executivo, o mesmo
tempo de serviço dos restantes docentes da região.“Esta
era uma longa reivindicação nossa, já com mais de 15 anos”, recordou
António Lucas, acrescentando que “faz todo o sentido que haja equidade
entre todos os professores da região”, em matéria laboral, uma vez que,
em matéria de regalias de aposentação, já não existem diferenças.A
proposta de alteração da carreira docente nos Açores, apresentada pela
secretária regional da Educação e Assuntos Culturais, Sofia Ribeiro,
está em discussão na Comissão de Assuntos Sociais do parlamento
açoriano, antes de subir a plenário, para votação final, o que deverá
acontecer no mês de maio.