Sindicatos apontam "forte adesão" à greve nos supermercados e armazéns
24 de dez. de 2018, 13:02
— Lusa/AO Online
“Há várias lojas
do minipreço fechadas. Estes trabalhadores estão hoje em greve porque
foram obrigados a fazê-la”, disse o secretário-geral da CGTP, Arménio
Carlos, durante uma conferência de imprensa junto à sede da APEDE, a
associação patronal do setor, em Lisboa.Os
trabalhadores exigem aumentos salariais sem perda de direitos, reclamam
o fim da tabela B, a mais baixa, e rejeitam a redução do valor pago
pelo trabalho extraordinário e os bancos de horas. “Estamos
com uma associação patronal que há dois anos arrasta as negociações, se
recusa a aumentar salários e, por outro lado, apresentou uma proposta
de aumento que não chega a 11 cêntimos por dia”, afirmou Arménio Carlos,
durante uma ação simbólica em que os trabalhadores colocaram embrulhos
com as reivindicações à porta da APED, as prendas que gostariam de
receber este natal.O dirigente sindical sublinhou que as empresas em causa “ganham milhões” e querem pagar muito pouco pelo trabalho.“Na
véspera de Natal, é importante que os portugueses saibam que as grandes
superfícies onde fazem as suas compras continuam a tratar com muita
falta de consideração os seus trabalhadores, a não respeitÁ-los, a
pressioná-los, a intimidá-los, mas acima de tudo, a pagar-lhes
miseravelmente”, declarou, acusando os patrões de serem “obcecados e
pelo lucro” e “avaros quando se trata de distribuir a riqueza a quem a
produz”.Ao
Governo disse que ou se afirma como um executivo socialista que respeita
os trabalhadores ou então “continua a fazer a política laboral da
direita e tem de ser responsabilizado” por isso.“Pela parte dos trabalhadores, não vamos desistir”, garantiu.A
Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços
(FEPCES) decretou a greve de hoje por considerar indignas as propostas
da APED – Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição.Os
trabalhadores pedem regulação nos horários: “Trabalhamos muito, é um
setor muito exigente e estamos a viver praticamente com o salário mínimo
nacional”, denunciou Ricardo Mendes, que tem participado nas
negociações.“Estamos
a falar de empresas como a SONAE, como a Jerónimo Martins, como a
Auchan, como o Dia Portugal, empresas que geram milhões de lucro todos
os anos e que apresentam uma proposta de 3,21 euros de aumento salarial”
por mês.De acordo com o dirigente sindical estão em causa empresas que “exploram ao máximo e onde existe repressão laboral”.O setor tem mais de 100.000 trabalhadores e centenas de locais de trabalho.De
acordo com dados dos sindicatos, muitas lojas, nomeadamente do
Minipreço e alguns Lidl, estão encerradas e várias outras com horários
reduzidos por não terem trabalhadores suficientes para assegurar o
normal funcionamento.As
mesmas fontes indicaram que foram chamados trabalhadores em dia de
descanso e com vínculo precário para minimizar os efeitos da greve.Nos
armazéns/entrepostos, os dados recolhidos até ao momento pelas
estruturas sindicais apontam também para “uma grande adesão”, com 85% de
trabalhadores em greve na infraestrutura do Lidl em Ribeirão, e em
Torres Novas e na Marateca cerca de 60% a 70%. Nos armazéns Minipreço
também foi reportada “uma grande adesão à greve”.A
Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garantiu que
as lojas e hipermercados estão a funcionar "com normalidade", apesar da
greve. Num
comunicado, a APED lembrou que está a decorrer, em sede própria, a
negociação dos termos e condições do Contrato Coletivo de Trabalho e
lamentou que esta greve "aconteça quando foi já demonstrada de forma
ativa a vontade da associação em contribuir para a valorização e
dignificação dos colaboradores do setor, tendo já apresentado aos
sindicatos soluções concretas ao longo do período de negociação que de
resto, ainda está em curso".