Sindicato reivindica incentivos para fixação de professores em todas as ilhas dos Açores
4 de nov. de 2021, 11:06
— Lusa/AO Online
“Temos
neste momento 366 horários lançados na bolsa de emprego público dos
Açores, o que é extremamente preocupante. E um dado que importa relevar é
que 76% destes horários são nas ilhas de São Miguel e Terceira”,
afirmou o presidente do SDPA, Ricardo Baptista, referindo-se às duas
ilhas mais populosas do arquipélago.O
dirigente sindical falava, em Angra do Heroísmo, à saída de uma reunião
de cerca de três horas com a secretária regional da Educação, a primeira
de um processo negocial com vista à revisão de três diplomas do sistema
educativo regional.Em causa estão o
estatuto da carreira docente, o diploma da autonomia e gestão dos
estabelecimentos de ensino e o diploma dos currículos regionais.Segundo
Ricardo Baptista, a revisão do estatuto da carreira docente tem de
contemplar a criação de incentivos para a fixação de professores, não
apenas nas ilhas mais pequenas, mas em toda a região.“Uma
das questões que tem de estar premente é os incentivos à profissão
docente, sendo que esses incentivos têm de abranger todos, porque ao
contrário de muita informação que tem sido veiculada por aí, de que as
ilhas de coesão têm falta de professores, não é isso que se verifica”,
frisou.Outro dos “pontos fundamentais”
neste processo negocial para o sindicato é a redução da componente
letiva dos horários dos professores de 1.º ciclo e educadores.O
dirigente sindical defendeu que a revisão do estatuto tem de “tornar a
carreira atrativa” e tem de “ir além” do que já existe noutras regiões
do país.“O estatuto do pessoal docente dos
Açores tem de ter discriminação positiva relativamente aos outros. Se
nós não fizermos isto, corremos o risco de estar a comprometer o futuro
das gerações nos Açores, porque não temos professores para assegurarem
aquilo que é um bem comum a todos, que é a educação para todos com
professores habilitados profissionalmente”, sublinhou.Questionado
sobre a abertura da tutela para aceitar as reivindicações do sindicato,
Ricardo Baptista admitiu que a secretaria “tem dado nota da necessidade
da valorização da profissão docente e da dignificação da carreira”, mas
ressalvou que ainda não foi apresentada uma proposta concreta de
revisão dos diplomas.“Nós só quando
chegarmos à altura de termos uma proposta na frente é que poderemos
decidir se as palavras passaram a atos e se finalmente nos Açores vai
existir coragem política para tomar decisões que vão de encontro ao
futuro da educação nos Açores”, afirmou.Na
sessão plenária de outubro da Assembleia Legislativa dos Açores, a
secretária da Educação, Sofia Ribeiro, apelou a um pacto de regime no
setor.“Mais do que a revisão dos três
diplomas basilares [da Educação], impõe-se a articulação dos mesmos. É
preciso um amplo debate para encontrar planos de convergência em matéria
de educação. Convidamos todos a integrar uma plataforma para um pacto
de regime na Educação, de modo a garantir a estabilidade de que
necessitamos”, apelou, no parlamento açoriano.Para Ricardo Baptista, os sindicatos de professores estão à margem desse pacto, que pode, ainda assim, merecer o seu acordo.“O
pacto de regime é um pacto político entre todas as forças que estão na
assembleia. Se todas as forças encontrarem um entendimento que venha a
valorizar e a dignificar a profissão docente, pois estamos todos de
acordo. Nós estamos no ponto a seguir”, apontou.