Sindicato reivindica 200 medidas para trabalhadores açorianos
3 de ago. de 2020, 14:08
— Lusa/AO Online
"O
caderno reivindicativo da União dos Sindicatos de Angra do Heroísmo
para o ano de 2020 pretende, a partir da caracterização da realidade
laboral açoriana, espelhar e dar corpo à vontade dos trabalhadores
açorianos, nomeadamente os das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa,
avançando reivindicações e propostas que constituem um contributo válido
e necessário para a superação de um vasto leque de problemas que os
afetam", sublinha a USAH.Segundo a união,
que hoje apresentou aos jornalistas o caderno reivindicativo "Valorizar
os trabalhadores açorianos", este é um documento "constituído por mais
de duas dezenas de temáticas e cerca de duas centenas de propostas,
medidas e reivindicações", das quais se destacam "seis eixos de ação".Salários,
qualidade do emprego, precariedade, contratação coletiva, formação
profissional, igualdade de género, saúde e segurança no trabalho são os
principais focos deste documento "enquadrador das reivindicações
centrais dos trabalhadores das três ilhas" que a união de sindicatos
abrange.A estrutura alerta que "os últimos
meses demonstraram da pior forma até onde os setores patronais estão
dispostos a ir no atropelo dos direitos dos trabalhadores, numa ofensiva
que, a não ser travada, lançará" as relações laborais numa autêntica
“lei da selva”."O pior dos exemplos foram
os despedimentos selvagens de trabalhadores, de que são particular
exemplo os que têm vínculos precários, nomeadamente as empresas de
trabalho temporário e trabalhadores em período experimental. Mas
registaram-se outros atropelos, como a colocação de trabalhadores em
férias forçadas, a alteração unilateral de horários, o não pagamento de
salários, o não pagamento das horas de trabalho extraordinário, o corte
de prémios e subsídios, a retirada de pausas de trabalho e a imposição
da polivalência", é referido.Os dados
recolhidos pela união e a atual conjuntura social fazem "temer um
aumento do desemprego nos Açores", que "atingirá, em primeiro lugar, os
jovens, mesmo os altamente qualificados, mas também trabalhadores "a
partir dos 45 anos", que "são discriminados/as no acesso ao emprego",
indicou a estrutura sindical.A
USAH-CGTP/IN receia que, após o período de 'lay-off', "muitos
trabalhadores sejam despedidos e não voltem ao seu posto de trabalho",
fazendo "disparar significativamente o desemprego na região, o que
aumentará ainda mais a pobreza e exclusão social nos Açores".Este
sindicato alerta para "graves situações de pobreza e de exclusão
social", com uma "dimensão que era, até agora, desconhecida nos Açores,
espelho da injustiça social que se aprofunda no arquipélago", onde
"muitos trabalhadores têm uma remuneração mensal insuficiente para
garantir a sua sobrevivência e dignidade, o que é socioeconomicamente
incompreensível e inadmissível".Entre as
medidas hoje apresentadas está "o aumento geral dos salários" e a
"evolução de todas as grelhas salariais, de modo a assegurar a
progressão de salários absorvidos pelo recente aumento (ainda que
insuficiente) do Salário Mínimo Nacional, assim como o aumento do
Complemento Regional ao Salário Mínimo Nacional de 5% para 7,5%.O
caderno reivindicativo integra o aumento dos apoios sociais da região,
nomeadamente dos complementos de pensão e abono de família, o "efetivo
combate ao trabalho precário e ilegal" e o "direito à formação
profissional certificada, prevista no Código do Trabalho", que a USAH
diz que "não é cumprido por uma parte substancial das empresas e da
administração pública regional".Um
"programa de desenvolvimento dirigido à revitalização do tecido
produtivo, com um forte investimento no setor primário", tendo como
objetivos centrais "o reforço das exportações", a "reorientação dos
financiamentos comunitários para um efetivo apoio à produção regional", é
outra das medidas elencadas pela USAH no caderno reivindicativo, que
propõe também a redução das tarifas aéreas e marítimas e dos custos de
operação.A união pede a alteração dos
programas ocupacionais e de estágios para garantir a integração nos
quadros dos trabalhadores abrangidos, "evitando a sua utilização como
mão-de-obra gratuita e sem direitos", apesar de preencherem "postos de
trabalho de natureza permanente".O
sindicato defende também a "facilitação dos processos para eleição de
representantes de Saúde e Segurança no trabalho, tendo em conta a atual
conjuntura de saúde pública e para evitar que, nos Açores, todos os anos
se registem acidentes mortais de trabalho", acrescenta.O
dirigente sindical Vítor Silva adiantou que este caderno reivindicativo
vai ter "três edições diferentes", uma destinada aos trabalhadores, uma
segunda versão "mais extensa", que será entregue às várias entidades e a
terceira versão que surgirá em versão de livro.