Sindicato reconhece recurso a recibos verdes no Hospital de Ponta Delgada
27 de ago. de 2024, 14:26
— Lusa
“O
sindicato, ciente da grave crise de recursos humanos enfrentada pelo
HDES [Hospital do Divino Espírito Santo] após o incêndio, compreende a
necessidade urgente de encontrar soluções. A proposta de contratar
trabalhadores assistentes operacionais por recibos verdes, para atender
às necessidades imediatas, tem validade legal”, sustenta a estrutura
sindical em nota de imprensa.Salientando
que está atento “à situação atual, após o incêndio”, e que tem
“conhecimento das escalas de serviço dos trabalhadores assistentes
operacionais”, o sindicato reconhece que há “uma necessidade efetiva,
por falta de mão-de-obra”.O sindicato
recorda que os serviços dos HDES, na ilha açoriana de São Miguel, está
agora dividido por três unidades - CUF, Centro de Saúde da Ribeira
Grande e Clínica de Bom Jesus - havendo ainda no próprio hospital
enfermarias a trabalhar, “denotando-se a falta de recursos humanos em
todas essas unidades”.“Não sendo a melhor
opção para a resolução do problema existente da falta de recursos
humanos, e dada a situação de urgência para colmatar, os recibos verdes
são uma opção válida, e legal, sendo que a abertura de um concurso,
requer a seleção de pessoal, provas, e o resultado final irá demorar
tempo”, admite o SITAS. Além disso,
acrescenta, os assistentes operacionais do HDES “estão com sobrecarga de
horário, a realizar turnos de 16 horas de forma desenfreada, provocando
o cansaço extremo nas equipas que estão a dar o melhor de si para os
utentes”O SITAS alerta, contudo, que
“deve-se estar atento aos prazos de trabalho no modelo de recibos
verdes, não sendo essa a opção desejável para a resolução efetiva da
falta de recursos humanos no HDES”.Na
quinta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e
de Entidades com Fins Públicos (SINTAP) criticou o HDES por “promover o
recurso à figura do falso recibo verde”.Em
causa, segundo o SINTAP/Açores, o anúncio do HDES de recrutamento de
assistente operacional em prestação de serviços, com disponibilidade
permanente, a tempo inteiro e trabalho em regime de turnos, que “merece a
estranheza e total denúncia”.Na semana
passada, o BE/Açores também criticou o hospital de Ponta Delgada por
estar a anunciar a contratação de assistentes operacionais em regime de
prestação de serviços, quando o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) ainda
não integrou os trabalhadores dos denominados “contratos covid”,
estabelecidos na altura da pandemia.“O
Governo [Regional] ainda nem cumpriu a sua promessa de, finalmente,
integrar as centenas de trabalhadores precários que estão há anos no
Serviço Regional de Saúde ao abrigo dos chamados ‘contratos covid’, e já
está a criar novas situações de precariedade com a contratação de mais
trabalhadores a recibos verdes”, adiantou o BE açoriano em comunicado.Em
nota enviada à Lusa, o conselho de administração do HDES precisou, na
altura, que, “com este processo de recrutamento, o Hospital do Divino
Espírito Santo de Ponta Delgada procurou, de forma célere, dar resposta à
necessidade premente de reforçar os recursos humanos”.Esta
necessidade “está consideravelmente amplificada pela atual dispersão
dos vários serviços do hospital por várias localizações diferentes”,
sendo que “trata-se de um reforço temporário e circunscrito no tempo,
que não deverá exceder os três meses”, de acordo com o HDES.