Sindicato quer que Governo dos Açores pressione Cofaco a abrir nova fábrica
14 de jun. de 2019, 14:43
— Lusa/AO Online
“É
preciso pressionar mais a Cofaco para que, de facto, de uma vez por
todas, avance efetivamente, do ponto de vista prático, com alguma coisa
neste processo, porque até agora não temos nada feito”, adiantou o
coordenador do SABCES/Açores.Vítor Silva
falava à margem de uma reunião com o secretário regional do Mar, Ciência
e Tecnologia dos Açores, Gui Menezes, em Angra do Heroísmo.Em
maio de 2018, a conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a
fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o
compromisso de abrir uma nova unidade fabril até janeiro de 2020, com
capacidade inicial para 100 trabalhadores e a possibilidade de aumentar o
efetivo até 250.No entanto, a reabilitação das instalações encerradas, orçada em 6,7 milhões de euros, ainda não arrancou.Em
fevereiro, o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia disse que
a aprovação do projeto da nova fábrica estava dependente de um aumento
do capital social da empresa PDM, Transformação e Comércio de Pescado,
no valor de um milhão de euros, “por forma a cumprir a regulamentação
dos apoios do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas”.O prazo para o aumento do capital social já foi prorrogado cinco vezes e o último limite dado foi em 03 de julho.À
saída da reunião com o secretário regional, Vítor Silva disse que o
executivo açoriano ainda acredita que será aberta uma nova fábrica da
Cofaco na ilha do Pico, mas defendeu que o problema não se resolve
apenas com “fé”.“Se isto vier a ser
efetivamente concretizado, da parte sindical consideramos que é
positivo, porque vai criar um número de postos de trabalho
significativos na ilha do Pico, agora de fé e de boa vontade o inferno
está cheio. O que nós queremos é efetivamente medidas e aquilo que foi
anunciado, quer pela Cofaco, quer pela tutela, é que, em janeiro de
2020, nós teríamos uma nova fábrica da Cofaco no Pico”, frisou.O
sindicalista pediu também a intervenção do executivo açoriano para que
sensibilize o Governo da República para a urgência da implementação de
majorações sociais na ilha do Pico.Na
sequência do despedimento coletivo na Cofaco, a Assembleia da República
aprovou, por unanimidade, em julho de 2018, uma resolução proposta pelo
PCP que previa a criação de um “regime especial e transitório de
facilitação de acesso, majoração de valor e prolongamento de duração de
apoios sociais aos trabalhadores em situação de desemprego” na ilha, mas
a medida ainda não foi implementada.“Alguns
trabalhadores já vão perder este subsídio de desemprego neste mês de
junho e, neste ano de 2019, cerca de 29 pessoas perdem o subsídio de
desemprego”, alertou Vítor Silva.O
coordenador do SABCES/Açores reivindicou uma melhor articulação entre o
Governo Regional e o Governo da República para que a medida seja
implementada, alegando que a falta de majorações tem “impactos
extremamente negativos” a nível económico e social na ilha do Pico, mas
representa pouco para os cofres do Estado.“Estamos
aqui a falar em 50 euros por pessoa. Já nem são 162 pessoas, porque há
um grupo de 10 ou 12 que já arranjaram trabalho, é menos do que isso.
Estamos aqui a falar de uma questão com valores extremamente baixos que,
do ponto de vista do impacto financeiro, significam nada. É mesmo só
uma questão de boa vontade”, frisou.Segundo
Vítor Silva, o titular da pasta do Mar, Ciência e Tecnologia deu
garantias de que iriam ser “feitas diligências para perceber o que se
estava a passar”. Gui Menezes não quis, no entanto, prestar declarações aos jornalistas, no final do encontro.