Sindicato quer negociação com governo açoriano para aumentar remuneração complementar
9 de jun. de 2021, 13:49
— Lusa/AO Online
“O
aumento tão celebrado de 2,5% da remuneração complementar é equivalente
a 1,66 euros por mês quando atribuído 100%. Não queremos esmorecer os
ânimos, mas este valor está longe de atenuar as dificuldades que a
insularidade nos traz e para o qual esta remuneração foi criada”,
afirmou o coordenador sindical João Decq Mota, numa conferência de
imprensa, em Angra do Heroísmo.Questionado
sobre o valor que considerava justo para o aumento da remuneração
complementar, atribuída aos funcionários públicos da região que auferem
até 1.308 euros, o sindicalista disse que mais importante do que
estipular esse montante era que os sindicatos do setor tivessem sido
ouvidos pelo Governo Regional.“Eu recordo
que, nos últimos anos, a única vez que foi feito isso, pelo menos com
este sindicato, resultou num aumento da remuneração complementar em 12%,
que não era o ideal, mas na altura encontrou-se um valor, em termos
numéricos, que, de alguma forma, já tinha algum significado. Não
atenuava na totalidade o diferencial, nem isso é muito previsível que se
possa fazer, mas reduzia esse diferencial”, salientou.Segundo
João Decq Mota, a negociação com os sindicatos nesta matéria é
“obrigatória”, mas o executivo açoriano deixou de a fazer.“Eu
gostava de saber, e já tive oportunidade de perguntar ao Governo
[Regional], qual foi a base para que se tenha achado que o aumento para a
remuneração complementar era de 2,5%”, questionou, salientando que o
diferencial entre o salário médio nacional e salário médio regional “é
de pelo menos 110 euros”.O
dirigente sindical criticou ainda o incumprimento do acordo firmado com o
anterior executivo açoriano relativo à definição de funções dos
trabalhadores dos matadouros públicos da região.Segundo
João Decq Mota, os trabalhadores reivindicavam a recuperação da
carreira específica, que tinham até 2008, mas, não tendo sido possível,
assinaram um acordo que previa a atribuição de um subsídio de risco e a
definição das funções dos trabalhadores.“Aquilo
que se está a passar em alguns matadouros é o não cumprimento deste
acordo e o querer fazer com que os trabalhadores possam desempenhar todo
o tipo de funções, além do que está na sua categoria. O que decidimos
na reunião de direção foi, desde já, exigir o cumprimento do acordo, mas
partir para um processo negocial que efetivamente venha a resolver este
assunto definitivamente, ou seja, que sejam revistas as carreiras
destes trabalhadores”, adiantou.O
sindicato, afeto à CGTP, enviou também uma proposta à União Regional de
Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA)
com vista à revisão global do clausulado do Contrato Coletivo de
Trabalho em vigor, para que se traduza numa “melhoria efetiva” de
salários e carreiras.Por outro lado, pediu
uma maior atenção às medidas de prevenção de surtos de covid-19 nestas
instituições, propondo a “distribuição com regularidade de equipamentos
de proteção individual”, o “reforço de recursos humanos” e o “respeito
pelos horários de trabalho”.“Temos relatos
efetivos dos nossos associados em diversas instituições da sobrecarga
que esta pandemia tem exigido e de que os serviços também têm forçado os
trabalhadores [para] que isso aconteça. Em regra, são distribuídos
equipamentos, mas aquilo que nós alertamos é para que haja um rigor
efetivo, para que todas as instituições cumpram essa situação”, frisou.O
sindicato denunciou ainda o que considerou um “claro desrespeito ao
direito à greve” na Escola Básica e Integrada dos Ginetes, na ilha de
São Miguel, no passado dia 20 de maio, alegando que “os funcionários
efetivos foram substituídos por trabalhadores ao abrigo dos programas
ocupacionais”.