Sindicato preocupado com postos de trabalho devido à privatização da Azores Airlines
5 de dez. de 2022, 16:05
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o sindicato adianta que já pediu, “com caráter de urgência,
uma audiência ao Governo Regional dos Açores” para “obter explicações”
para várias questões ligadas a este processo, notando que o grupo SATA
“é, porventura, o mais importante ativo” da região.“Diz-se
agora, com cada vez maior insistência, que o Governo Regional se
prepara, mesmo sem publicar o respetivo caderno de encargos, para vender
a empresa sem que se saiba muito bem como. Os trabalhadores voltam,
assim, a viver o pesadelo que viveram durante a anterior tentativa de
privatização que, a ter-se concretizado, teria sido o fim da empresa,
com todo o triste contencioso que lhe estava associado, nomeadamente a
destruição dos postos de trabalho”, assinala o SITAVA. O
Governo Regional revelou em novembro que o concurso público para a
privatização da Azores Airlines arranca a 01 de janeiro de 2023.“Por maior esforço que façamos, não se consegue perceber a lógica ou racional económico de tal decisão”, alerta o sindicato.O
SITAVA refere que, “com a chegada de novo conselho de administração e
com os sacrifícios impostos aos trabalhadores que ainda se mantêm, o
grupo SATA começou a recuperar e a apresentar resultados que muitos não
consideravam possíveis”.Tal mostrou que,
diz o sindicato, “quando os trabalhadores acreditam nas decisões da
gestão e esta se mostra profissional, séria e empenhada, o ‘milagre’
pode acontecer”. “Aqui chegados, quando
parecia, finalmente, haver condições para aliviar os trabalhadores dos
pesados sacrifícios que ainda suportam, volta novamente a falar-se de
privatização sem que alguém perceba as razões de tal decisão”, lamenta o
SITAVA.O sindicato questiona “onde fica o
interesse regional” e se, “em tal cenário, estão salvaguardados os
postos de trabalho e os interesses dos trabalhadores”.O SITAVA lembra ainda que o conselho de administração termina o mandato no fim de 2023.A
privatização da maioria do capital da Azores Airlines/SATA
Internacional (empresa do grupo SATA responsável pelas ligações entre o
arquipélago e o exterior) está contemplada na proposta de Orçamento dos
Açores para 2023, aprovada no parlamento regional no fim de novembro.O
“desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores
Airlines” está também previsto no plano de restruturação da companhia
aérea açoriana aprovado em junho pela Comissão Europeia.A
Comissão Europeia aprovou em junho uma ajuda estatal portuguesa para
apoio à reestruturação da companhia aérea açoriana, de 453,25 milhões de
euros em empréstimos e garantias estatais.A
verba aprovada divide-se em empréstimos diretos de 144,5 milhões de
euros e assunção de dívida de 173,8 milhões de euros, num total de
318,25 milhões de euros a converter em capital próprio, e em garantias
estatais de 135 milhões de euros concedidas até 2028 para financiamento
facultado por bancos e outras instituições financeiras.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura
em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional
começou a registar prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia de
covid-19.Em junho de 2020 foi anunciado
que o Governo dos Açores (então liderado pelo PS) iria abandonar a
segunda tentativa de privatização da Azores Airlines, depois de um
primeiro concurso ter sido anulado em novembro de 2018.