Sindicato pede intervenção de autoridades para evitar salários abaixo do mínimo nas Lajes
15 de set. de 2022, 14:02
— Lusa/AO Online
“As autoridades
portuguesas têm de fazer alguma coisa em relação a esta matéria. Em
último caso, nem que sejam elas próprias a suportar a diferença. Algo
tem de ser feito já no imediato”, afirmou o coordenador da USAH e do
Sindicato das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comercio e
Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/Açores), afetos à
CGTP, Vítor Silva, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, na
ilha Terceira.O dirigente sindical disse
ter já solicitado uma reunião com o vice-presidente do Governo Regional,
Artur Lima, representante dos Açores na comissão bilateral permanente
entre Portugal e os Estados Unidos da América (EUA).Nos Açores, o salário mínimo tem um acréscimo de 5% relativamente ao nacional, estando fixado em 740,25 euros.Segundo
o sindicato, desde 2021 que há trabalhadores portugueses ao serviço das
Feusaçores, na Base das Lajes, na ilha Terceira, com salários abaixo do
salário mínimo regional.Com o novo
aumento no início de 2022, a diferença acentuou-se, havendo
inclusivamente trabalhadores a receber abaixo do salário mínimo nacional
(705 euros).A tabela salarial das
Feusaçores foi atualizada em julho, mas os níveis mais baixos
continuaram com valores inferiores ao salário mínimo em Portugal.“Este
ano, houve uma atualização de 2,2% o que é insignificante e faz com que
haja categorias, segundo o que nós conhecemos, até abaixo do salário
mínimo nacional, o que, em nosso entender, é até inconstitucional”,
frisou Vítor Silva.“Estamos a falar de
trabalhadores que estão a receber 729,09 euros, quando o salário mínimo
são 740,25. Já estamos a falar num valor significativo. Se, no próximo
ano, o aumento for outra vez de 2,2%, esta diferença poderá já ser na
ordem dos 60 ou mais euros”, acrescentou.Os
trabalhadores apresentaram queixa ao superior hierárquico no início de
setembro e apresentaram, esta quinta-feira, queixa ao chefe de departamento, mas até
que o processo chegue à comissão bilateral podem passar-se 13 meses, “no
mínimo, se tudo correr bem”.“Teremos de
percorrer aquele autêntico calvário que é o processo de queixa até que
chegue aos três níveis de resolução de conflito: no primeiro nível os
dois comandos [português e norte-americano], no segundo nível a comissão
laboral e no terceiro nível a comissão bilateral”, explicou o dirigente
sindical.Vítor Silva considerou que a
situação é “ilegal” à luz do “direito internacional”, apelando a que as
autoridades nacionais reivindiquem uma alteração do acordo laboral que
imponha um limite mínimo igual ao salário mínimo regional, ou que retome
a obrigatoriedade de aumentos salariais existente até 2009.“Esta
situação no futuro vai piorar cada vez mais, porque nos últimos anos
houve apenas aumentos residuais, mas depois, em comparação, de 2009 a
2022, o salário mínimo aumentou 57%, o que faz com que cada vez mais
níveis da tabela salarial vão sendo absorvidos pelo salário mínimo”,
alertou.Até 2009, os aumentos salariais na Base das Lajes tinham por base um inquérito salarial, que fazia a média
dos aumentos das maiores empresas dos Açores.Segundo
o sindicalista, se esse método ainda estivesse em vigor, “teria havido
aumentos salariais muito mais significativos e esta situação da
aproximação do salário mínimo em relação à tabela salarial não era
sequer tida em conta”.“A remuneração da
força laboral portuguesa é uma das poucas contrapartidas diretas para os
Açores do estabelecimento desta força militar estrangeira no nosso
território”, frisou, alegando que os salários dos trabalhadores
portugueses representam “um custo insignificante” para os EUA.