Sindicato patrocina ações judiciais para fazer cumprir progressões na carreira nos Açores
18 de abr. de 2018, 14:35
— Lusa/AO online
“O que
está em causa é uma recusa por parte da Inspeção Regional de Trabalho em
agir junto das instituições perante decisões judiciais. E estamos a
falar do próprio Governo Regional pela mão da vice-presidência do
Governo”, afirmou o presidente do SDPA, José Pedro Gaspar, numa
conferência de imprensa em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.O
dirigente sindical explicou que uma educadora de infância associada do
sindicato viu reconhecido o direito à progressão na carreira pelo
Tribunal da Relação de Lisboa, depois de o Tribunal da Relação do Porto
já se ter pronunciado no mesmo sentido.“A
partir de 2015 e 2016 começamos a ter decisões judiciais e é
absolutamente inadmissível que a Inspeção Regional do Trabalho não tome
uma posição de fazer cumprir estas decisões relativamente à condição
profissional destes trabalhadores das IPSS e das Misericórdias”,
sustentou o presidente do SDPA, frisando que os educadores de infância
que estão ligados aquelas instituições “não são trabalhadores da
administração pública e não estiveram congelados”.José
Gaspar acusou o Governo Regional, "através da Inspeção Regional do
Trabalho, de não fazer cumprir a lei, porque não estão em causa
trabalhadores da administração pública, daí que não se lhes aplica a
suspensão"."Não
há claramente isenção da Inspeção Regional de Trabalho nesta postura e
nesta tomada de posição, o que facilmente se percebe é que há uma ordem
superior que é dada pelo Governo Regional à Inspeção. É uma posição
manifestamente política e não técnica [da Inspeção Regional de
Trabalho]", afirmou.De
acordo com o presidente do SDPA, a associada que recorreu às vias
judiciais "viu a correção da situação" e "foi reposicionada no escalão e
índice remuneratório a que tinha direito desde há sete anos e recebeu
juros de mora"."Não
há vontade nem da parte da Secretaria Regional da Solidariedade Social,
nem da parte da direção destas instituições e aquilo que vamos fazer é
recorrer à via judicial para cada uma destas nossas associadas",
sustentou, denunciando "a posição vergonhosa da Inspeção Regional do
Trabalho nesta subserviência ao Governo Regional e à vice-presidência"
do executivo.A
Inspetora Regional do Trabalho, Ilda Baptista, esclareceu à agência
Lusa que a situação "não é nova e já foram vários os pedidos de
informação que deram entrada na Inspeção ao longo dos anos, e
especialmente nos últimos anos, em que houve congelamento", frisando que
"a posição da Inspeção continua a ser a mesma"."Achamos
que as educadoras de infância vão ter que progredir da mesma forma que
as do setor público. Informamos os sindicatos, mas a Inpeção nao é um
tribunal e não está envolvida nesta situação, daí que a decisão tem que
ser cumprida pela entidade empregadora", sustentou.Ilda
Baptista lembrou ainda que esta "não é uma questão recente e teve como
origem uma equiparação das educadoras no setor privado ao sistema
remuneratório" das colegas da administração pública."E
isso aconteceu em 2007. E aí fez-se justiça. E é entendimento da
Inspeção que esta equiparação vigora até agora", acrescentou.