Sindicato Nacional dos Registos faz balanço "muito positivo" da greve em agosto
29 de ago. de 2022, 16:00
— Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa no último dia do
protesto, Rui Rodrigues referiu que esta greve, realizada em conjunto
com o Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado da região
norte, forçou o Instituto dos Registos e Notariado (IRN) "a emitir um
documento com alguns compromissos" relativamente às reivindicações dos
trabalhadores.O presidente do SNR alertou
contudo que tais compromissos assumidos pelo IRN, tutelado pelo
Ministério da Justiça, "são bastante vagos" e "sem calendarização dos
compromissos", pelo que entende tratar-se mais de um "documento
político" do que propriamente um "documento administrativo".Rui
Rodrigues salientou que as duas estruturas sindicais continuam "abertas
a que haja diálogo" sobre os problemas dos trabalhadores dos Registos,
que abrangem a falta de recursos humanos e questões remuneratórias e de
carreira.Segundo o dirigente sindical, até
setembro próximo está prevista a saída por aposentação de 88 oficiais
de Registo e quatro conservadores de Registo, o que irá agudizar ainda
mais a falta de pessoal, refletindo-se no "desgaste e na sobrecarga de
trabalho" que tem levado muitos trabalhadores dos registos a entrar de
baixa médica.Revelou a propósito que em
2021 as faltas por doença entre os 3.580 oficiais de Registo totalizaram
11.258 dias, apontando a sobrecarga de trabalho como um dos principais
motivos para o elevado absentismo.Rui
Rodrigues mencionou que a atribuição de novas competências aos registos
com os pedidos de nacionalidade e títulos de residência vão agravar
ainda mais a sobrecarga de trabalho dos oficiais de Registo.Entretanto,
na semana passada, o SNR e o STRN da região Norte advertiram que
avançarão para nova luta em dezembro, se se mantiver a falta de
negociações por parte do Ministério da Justiça.Em
causa estão questões como abono para falhas, vencimentos iguais,
pagamento dos retroativos correspondente à atualização dos índices pelo
Instituto dos Registos e Notariado (IRN), continuação das mobilidades
"sem qualquer critério" e conclusão do processo avaliativo por forma a
que muitos trabalhadores possam progredir.Em
relação às questões salariais, denunciam que há oficiais de registos a
auferirem um vencimento muito superior a muitos conservadores,
obrigatoriamente licenciados em Direito.Além
disso - assinalam - existem atualmente 23 escalões de vencimentos no
IRN e "nem o princípio de salário igual" entre homens e mulheres é
cumprido, porque "nos mesmos escalões há enormes divergências de
vencimentos".De acordo com os sindicatos,
os constrangimentos causados pela greve aos cidadãos e às empresas são
da inteira responsabilidade da tutela e do Conselho Diretivo do IRN que
"não foi competente, nem alinhou de boa-fé nas negociações para
desconvocação da greve".