Sindicato Independente dos Médicos diz ser essencial retomar consultas e cirurgias programadas
25 de abr. de 2020, 15:13
— Lusa/AO online
Segundo disse à agência Lusa Roque da Cunha, o
SIM tem alertado, desde o início da pandemia e devido ao seu impacto,
que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), fruto da falta de investimento
nos últimos anos, estava nos limites, com longas listas de espera para
consultas e cirurgias para muitos portugueses."Por
isso, é fundamental que não se esqueça que continuam a existir cancros e
outras doenças que necessitam de cirurgia, enfartes de miocárdio,
acidentes vasculares cerebrais, que afetam os portugueses", disse Roque
da Cunha, sublinhando que é "essencial que o Ministério da Saúde altere o
despacho que suspendeu as consultas e cirurgias programadas por causa
do covid-19".Observou ainda que "não pode haver medo de recorrer aos serviços de urgência e dessa forma evitar que recorram tardiamente".Defendeu
também que é "essencial garantir a atividade programada com todos os
cuidados e solicitar o apoio das entidades privadas e do setor social de
forma protocolada e articulada, nomeadamente programas de recuperação
de listas de espera que desde logo devem ser pagas as dívidas que o
Estado tem com muitas instituições e médicos".Assim,
"não se compreende que o hospital e centros clínicos do Sindicato dos
Bancários do Sul e Ilhas, que cobrem mais de 90.000 beneficiários, vão
sobrecarregar o já frágil SNS", agravado pelo facto de "lamentavelmente
terem aproveitado o estado de emergência para colocar no `lay off´ os
seus trabalhadores".Do mesmo modo, e nas
palavras de Roque da Cunha, não se compreende que a Cruz Vermelha
Portuguesa (CVP) e o Instituto Português de Reumatologia não colaborem
neste esforço.Acerca do previsível
levantamento do estado de emergência em maio, o secretário-geral do SIM
referiu que, sendo esta exceção uma decisão do Presidente da República e
uma "medida excecionalíssima", concorda com aquilo que é apontado como a
possível cessação daquela medida.Ressalvou
ao mesmo tempo que é preciso "reforçar a exigência em não relaxar das
medidas de saúde pública nomeadamente nas medidas de controlo e
acompanhamento dos infetados e seus contactos, e na restrição à
circulação."Tudo fazer para não facilitar,
não baixar a guarda, não transmitir à população uma ideia de
facilitismo ou que a situação está ultrapassada", vincou.Saudando
o 25 de Abril e uma das suas principais conquistas - o Serviço Nacional
de Saúde -, Roque da Cunha lamentou contudo que neste período da
pandemia perdure "a lei da rolha em relação aos profissionais de saúde
publica, com ameaças de processo disciplinares".Alertou
ainda que, apesar da "falta de transparência na disponibilização dos
dados aos cientistas e às autarquias que têm tido papel essencial na
proteção dos profissionais", nos últimos dias continuam a aumentar o
número de pessoas infetadas, "muito longe da tendência sustentada para
acabar"."Foram 444 ontem e hoje mais 595
(infetados). Todas essas pessoas tem famílias e contactaram outras
pessoas e os óbitos a crescerem sustentadamente e sabemos que muitos
(casos) não são diagnosticados", notou ainda, para dizer que a pandemia
permanece.Assim, manter isolamento dos
infetados, etiqueta respiratória, lavagem das mãos, distância social
sempre e especialmente nos transportes públicos, e máscaras comunitárias
para todos são requisitos exigíveis e a cumprir.Neste
domínio, apelou ainda à necessidade de garantir material de proteção
adequado para os profissionais de saúde, forças de segurança e
bombeiros, bem como a realização de testes aos profissionais de saúde
(sempre que contactem com colegas infetados) e testes generalizados
sempre que se justifique na população portuguesa.Em sua opinião, não se deve alimentar a ideia que "em Portugal se testa em excesso".Portugal
regista hoje 880 mortos associados à covid-19, mais 26 do que na
sexta-feira, e 23.392 infetados (mais 595), indica o boletim
epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.Comparando com os dados de sexta-feira, em que se registavam 854 mortos, hoje constatou-se um aumento percentual de 3%.Relativamente
ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, os
dados da DGS revelam que há mais 595 casos do que na sexta-feira,
respresentando uma subida de 2,6%. O estado de emergência, que foi renovado por mais 15 dias, está em vigor até 02 de maio.