Sindicato faz depender queixa no Ministério Público de reunião com Governo dos Açores
22 de fev. de 2023, 13:25
— Lusa/AO Online
“Já
solicitámos uma reunião à senhora secretária regional da Juventude,
Qualificação Profissional e Emprego sobre esta matéria. Após esta
reunião e de acordo com as respostas obtidas a direção do
SITACEHT/Açores e os trabalhadores tomarão todas as diligências
necessárias, quer pela via administrativa, quer suscitando a intervenção
do Ministério Público”, afirmou, em conferência de imprensa, o
coordenador do sindicato, Vítor Silva.O
Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação,
Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e
Turismo (SITACEHT) dos Açores acusa a Câmara de Comércio de Angra do
Heroísmo (CCAH) de ter assinado um contrato coletivo de trabalho, para o
setor dos escritórios e comércio, nas ilhas Terceira, São Jorge e
Graciosa, com um sindicato sem legitimidade para negociar nesta área.O dirigente sindical já tinha admitido, a 13 de fevereiro, "suscitar a intervenção do Ministério Público".Depois
de se ter reunido com a Direção de Serviços de Trabalho, Vítor Silva
disse aguardar agora por uma reunião com a titular da pasta do Emprego,
solicitada para a próxima semana, antes de avançar para essa via.O contrato coletivo de trabalho foi publicado em 01 de fevereiro e o sindicato tem 30 dias para contestar a decisão.O
dirigente sindical reivindica que a Direção de Serviços de Trabalho
invalide o contrato coletivo de trabalho, uma vez que à data da
assinatura os estatutos do sindicato ainda não tinham sido alterados,
para permitir que negociassem na área dos escritórios e comércio.Segundo
o coordenador do SITACEHT/Açores, o sindicato que assinou o contrato
também não respeitou a legislação na convocação da assembleia geral em
que os estatutos foram alterados. Vítor
Silva defende que a Direção de Serviços do Trabalho não deveria ter
permitido a publicação do contrato, porque tinha elementos para
verificar que era inválido, e acusa-a de se “refugiar na componente
técnica” do processo para não corrigir o erro.“Estes
factos são tão evidentes que é praticamente impossível não admitir que
houve aqui um erro. O refúgio na parte técnica, por si só, já é, de
certa forma, uma evidência de que não há fundamentos para esta decisão”,
frisou.O coordenador do SITACEHT/Açores
lembrou que já tinha alertado para esta situação numa reunião de
conciliação, com a CCAH e com a Direção de Serviços do Trabalho,
anterior à publicação do contrato.“Aquilo
que lamentamos é que haja uma entidade que, em vez de procurar exercer a
sua magistratura pelo nível máximo, procure exercer pelos serviços
mínimos e isto não é bom num estado democrático. Não é um bom exemplo
que está a ser dado nos Açores”, apontou.Para
além da reunião já solicitada à titular da pasta do Emprego, o
sindicato anunciou que vai pedir reuniões com todas as forças políticas,
para “alertar para a gravidade desta situação”.O
SITACEHT/Açores vai também enviar, nos próximos dias, uma nova proposta
de contrato coletivo de trabalho à CCAH e, se não obtiver resposta
dentro de 30 dias, pedirá novamente uma reunião de conciliação.Vítor
Silva admitiu que a contestação dos trabalhadores possa aumentar e
lamentou que não se tenha "aprendido com os erros do passado",
referindo-se aos contratos coletivos dos setores da restauração e
hotelaria.“Depois vêm os empresários
queixar-se de que não temos trabalhadores. Não há ninguém que queira
trabalhar 12, 14 e 16 horas por dia e não ganhar mais por isso. Não há
ninguém que queira abdicar da sua vida pessoal, em prol da vida
profissional”, sublinhou.