Sindicato exige valorização dos enfermeiros e diz que todos os dias há profissionais a sair do país
27 de jul. de 2020, 17:31
— Lusa/AO Online
"Se o
Ministério da Saúde quer profissionais qualificados tem de os valorizar.
Mas não valoriza os enfermeiros especialistas, não há desenvolvimento
na carreira e há muito gente a ir embora para o estrangeiro. Há pessoas
todos os dias a ir embora porque estão de rastos, não aguentam", disse à
agência Lusa Paulo Anacleto, dirigente do SEP. A
estrutura sindical promoveu hoje, na praça 08 de Maio, em Coimbra, uma
iniciativa de contacto com a população, envolvendo 16 ‘muppies' gigantes
utilizados para comunicar o "conjunto de problemas" com que a profissão
se defronta em Portugal. "Esta iniciativa
é dedicada aos utentes e à população em geral que, na altura mais aguda
da pandemia [do novo coronavírus], nos apoiou com palavras e com
palmas. É muito agradável, mas as palavras e as palmas não chegam, os
enfermeiros estiveram e estão sempre na linha da frente, correm riscos
diários e isso não está traduzido na lei", argumentou Paulo Anacleto. O
dirigente sindical defendeu, por outro lado, que os jovens enfermeiros
que estão agora a sair das escolas de enfermagem "devem ser de imediato
admitidos" nas unidades do Serviço Nacional de Saúde, dizendo ser
"falso" que não existam enfermeiros em numero suficiente. "Há
milhares no estrangeiro que não regressam porque o país não lhes dá
condições e muitos a ir embora porque aqui não se sentem valorizados.
Mudem-se as regras e haverá enfermeiros ", enfatizou. Outra
questão que o SEP quer ver resolvida diz respeito aos vencimentos:
Paulo Anacleto alega que um enfermeiro em início de carreira "vai ganhar
pouco menos" do que um profissional "com anos de profissão". Acresce
que no Serviço Nacional de Saúde, quem possui contratos em funções
públicas "tem direitos diferentes" dos enfermeiros com contratos
individuais de trabalho "e isso não faz sentido nenhum". A questão da aposentação "muito tarde" foi outro tema que o SEP hoje levou para a rua, em Coimbra. "Um
enfermeiro aposentar-se com quase 70 anos não é de todo viável e diz
muito da falta de valorização e da falta de investimento a que os
enfermeiros estão sujeitos", declarou Paulo Anacleto.