Sindicato dos Professores da Região Açores alerta para falta de docentes
18 de set. de 2024, 17:18
— Lusa/AO Online
“Foi pior, tem
sido pior e vai piorar na questão do pessoal docente, não há dúvida
nenhuma. O constrangimento novo que surgiu, este ano, foi a precocidade
do arranque do ano letivo”, afirmou o presidente do SPRA, António Lucas,
numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.Nos Açores, o ano letivo arrancou entre 09 e 11 de setembro, enquanto no continente se iniciou entre os dias 12 e 16.A
diferença de uma semana, nalguns casos, trouxe dificuldades acrescidas
às escolas, segundo António Lucas, porque a preparação para o início das
aulas implica uma “logística complexa”, que envolve questões como
formação de turmas, os horários dos professores, o transporte escolar ou
o fornecimento de refeições“Na prática, as escolas tiveram pouco mais de quatro dias úteis para fazer a preparação do novo ano letivo”, frisou.O
presidente do SPRA sublinhou que a falta de professores na região se
tem vindo agravar “com especial incidência nas ilhas mais periféricas”,
onde se registaram “números recordes de horários que não foram
completados”.“No caso de Flores, Corvo,
Santa Maria e Graciosa começa a atingir proporções muito significativas,
com cerca de um terço dos docentes que deveriam estar nestas escolas e
não estão, porque estão em mobilidade, sobretudo em São Miguel e na
Terceira”, alertou.Segundo o SPRA, no
início do ano letivo estavam abertos quase 200 horários na Bolsa de
Emprego Público dos Açores, muitos que serão preenchidos “à custa de
pessoal sem habilitação profissional e nalguns casos até sem habilitação
académica”.Para António Lucas, a falta de
docentes “antes de começar a melhorar vai-se agravar”, porque “é
impossível no contexto atual criarem-se mecanismos de formação de
professores que, no mínimo, venham a repor o número de professores que
tem vindo a aposentar-se”.“É um problema
que começa a ser estrutural […]. Há aqui questões que já podiam ter sido
começadas a mitigar e não foram. Estamos a acordar muito tarde e,
portanto, já estamos a correr atrás do prejuízo”, salientou.O
dirigente sindical lembrou que o SPRA alerta desde 2019 para a
necessidade de o executivo açoriano implementar incentivos à fixação de
professores, que já estão previstos na lei há mais de 10 anos.O
executivo açoriano (PSD/CDS/PPM) já disse que pretende implementar
os incentivos no próximo ano letivo, mas o sindicato defende que o
diploma precisa de ser melhorado.“Os
incentivos, tal como estão definidos, são sobretudo para quem vai, não
para quem já está. Nós queremos sempre salvaguardar princípios de
igualdade, até para não se criarem litígios no local de trabalho”,
explicou António Lucas.Segundo o
presidente do SPRA, os incentivos preveem, por exemplo, "a possibilidade
de fixar as pessoas por períodos de 15 anos, através da bonificação dos
juros para a aquisição de habitação".Para
além da falta de professores, o sindicato alertou para a falta de
pessoal auxiliar e técnico, que coloca em causa a implementação da
educação inclusiva, e para a necessidade de obras em muitos edifícios.