Sindicato do Ensino Superior mantém apreensão face a atividade presencial em maio
Covid-19
22 de abr. de 2020, 17:37
— Lusa/AO Online
Confrontado
com a posição favorável do ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor,
sobre tal possibilidade, o presidente do SNEsup, Gonçalo Velho, referiu à
agência Lusa que, quer as declarações do ministro, quer a do presidente
do Conselho de Reitores, em "nada altera" as "preocupações e a
apreensão" do sindicato perante o eventual regresso dos docentes
universitários à atividade presencial já em maio.A
este propósito, Gonçalo Velho frisou que ainda hoje foi noticiado que a
direção de uma Faculdade da Universidade do Porto informou os docentes
que tinham de ser eles a comprar o material de proteção contra o
coronavírus, ao contrário do que foi indicado para os funcionários não
docentes.Este e outros factos que ocorrem
no setor vêm, no entender do SNEsup, contraditar as declarações do
ministro Manuel Heitor e demonstrar que as instituições universitárias
"não estão preparadas para o regresso à atividade presencial em maio,
mesmo numa escala faseada"."Todas as
questões levantadas pelo SNEsup têm uma razão de ser, que parte da
realidade efetivamente vivida por docentes e investigadores", sublinhou
Gonçalo Velho.O presidente do SNEsup
sublinhou ainda que as instituições universitárias têm respondido de
"forma diferente" à questão do regresso à atividade presencial, o que é
revelador da "completa descoordenação que existe no setor"."A
autonomia (das universidades) não justifica esta descoordenação, nem
que exista um Conselho de Reitores a falar a 17 vozes", criticou Gonçalo
Velho.O presidente do SNEsup mostrou-se
ainda preocupado com o facto de já terem surgido vozes no setor a propor
alterações "ao modelo pedagógico no próximo ano letivo", no sentido da
manutenção de algumas formas de ensino à distância, sem que tenham sido
consultados os órgãos representativos próprios (Conselho Pedagógico e
Conselho Científico), violando assim a "autonomia pedagógica dos
professores e fazendo valer alterações voluntaristas sem qualquer base
na realidade". Em entrevista ao
Observador, o ministro do Ensino Superior diz esperar que algumas aulas
sejam retomadas em maio e adverte que "a autonomia não serve para tudo".
Admite, contudo, que os alunos não podem ser penalizados se vieram a
faltar às aulas nesse regresso à atividade presencial."Se
as universidades aceitarem a ideia de retomar algumas atividades
presenciais já em maio, o aluno continua a ter a liberdade de não fazer o
mesmo, por medo de contágio, por exemplo", disse ao Observador.Nesses
casos, Manuel Heitor entende que o estudante “não pode nem deve” ser
penalizado por faltar, mesmo a aulas presenciais obrigatórias. E voltou a
apelar à responsabilização de todos, até na gestão de quem ensina, para
proteger os mais frágeis. O ministro -
ainda em declarações ao Observador - diz acreditar que não será
necessário contratar mais professores, para garantir o desdobramento das
turmas — e ter, assim, menos alunos por sala de aula —, mas admite que
seria uma oportunidade para “rejuvenescer o corpo doente”.