Sindicato diz que há alunos sem aulas nos Açores por falta de professores substitutos
2 de ago. de 2019, 19:00
— Lusa/AO Online
“Após
a primeira colocação de docentes, que se provisiona no final de agosto,
vai haver listas que ficam sem qualquer docente disponível para uma
substituição ou mesmo para suprimir uma necessidade permanente das
escolas”, adiantou, em declarações aos jornalistas, o presidente do
SDPA, Ricardo Baptista, à margem de uma reunião com o secretário
regional da Educação e Cultura dos Açores, Avelino Meneses, em Angra do
Heroísmo. Segundo o sindicalista,
atualmente, só existem professores suficientes para as necessidades das
escolas dos Açores em quatro grupos de recrutamento (educadores de
infância, primeiro ciclo, educação física do segundo ciclo e educação
física do terceiro ciclo) e há disciplinas em que surgem cada vez menos
interessados. “Temos grupos em que há apenas 16 a 17 candidatos a apresentarem-se à oferta de emprego. Isto é preocupante”, frisou. Face
à falta de professores substitutos, o Governo Regional é obrigado a
abrir concursos quando há docentes que se ausentam por períodos curtos,
devido a baixas médicas por exemplo, mas Ricardo Baptista alega que
esses concursos não são atrativos, porque, ao deslocar-se por um mês
para uma ilha, o docente “está a pagar para trabalhar”.“Tivemos
alunos muitos minutos sem professores a dar aulas, porque não havia
professores para substituir”, sublinhou, acrescentando que em muitas
escolas “não foi possível contar com professores com habilitação
profissional para a docência”. O
sindicalista reivindicou, por isso, que o Governo Regional dos Açores
aplique a “norma travão”, que “limita os contratos sucessivos e retira
da precariedade laboral os professores”, à semelhança do que foi feito
no continente português.“Somos os únicos
em que nesta área nada se fez sobre este assunto. Continua-se a recrutar
500, 600, 700 professores contratados e apenas integram uma pequena
parte no ano letivo seguinte”, criticou, alegando que, no continente, ao
fim de duas renovações, os docentes têm lugar no quadro da escola. Questionado
pelos jornalistas, o secretário regional da Educação rejeitou que
houvesse falta de professores, ainda que tivesse reconhecido que nos
últimos 15 anos o ensino superior tem formado menos docentes.“Não
tivemos até ao momento nos Açores alunos sem professores, nem
vislumbramos tal situação”, apontou, dizendo estar convencido de que as
leis do mercado “acabarão por encontrar um equilíbrio”. Avelino
Meneses admitiu que os alunos possam ter ficado sem aulas apenas “por
períodos muito curtos, quando falta um professor”, mas ressalvou que
nessas situações “há logo um procedimento que se agiliza no sentido da
sua substituição”. Quanto à integração dos
professores contratados nos quadros, o governante disse que a tutela
abre concurso sempre que é detetado que um professor está a desempenhar
uma função que é permanente.“Claro que o
sistema educativo dos Açores, como em toda a parte, contará sempre com
um contingente relativamente grande de professores contratados, porque
eles estão em substituição de gente pertencente ao sistema educativo,
mas que se encontra fora no exercício de outras funções”, rematou. Entre
outras propostas, o Sindicato Democrático dos Professores dos Açores
sugeriu que o executivo açoriano admita a possibilidade de os docentes
poderem gozar férias após a licença de parentalidade, como já acontece
no continente e na Madeira.Avelino Meneses
disse que a questão “está a ser averiguada, sobretudo, do ponto de
vista jurídico”, porque a tutela ainda não encontrou “enquadramento
legal” para a aplicar.O sindicato propôs
ainda a melhoria do sistema de avaliação de desempenho dos docentes e a
redução da componente letiva para os educadores e professores do
primeiro ciclo. O secretário regional da
Educação já se tinha reunido com o Sindicato dos Professores da Região
Açores (SPRA) no passado dia 18 de julho.