Sindicato diz que 40 ex-funcionários da Cofaco já perderam subsídio de desemprego
12 de nov. de 2019, 16:57
— Lusa/AO Online
“Há pessoas que estão a
passar fome. Há pessoas que foram despedidas da Cofaco e não tem
qualquer rendimento”, afirmou, em declarações à agência Lusa, o
coordenador da União dos Sindicatos de Angra do Heroísmo (USAH), Vítor
Silva, alegando que até ao final do ano existirão “mais de quatro
dezenas de pessoas” sem subsídio de desemprego.O
sindicalista alertou esta terça-feira para a situação destes ex-funcionários, numa
conferência de imprensa, na Madalena, na ilha do Pico, em nome de uma
plataforma sindical constituída pela USAH, pelo Sindicato dos
Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e
Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos
Açores (SITACEHT), pela Federação dos Sindicatos de Agricultura,
Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT) e pela
CGTP-IN.Em maio de 2018, a conserveira
Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha do Pico,
despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma nova
fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100
trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250.No
entanto, segundo Vítor Silva, até ao momento, ainda nem arrancou a
demolição da fábrica antiga e a empresa pediu uma prorrogação do prazo
para o fazer até novembro de 2020. A
resolução, proposta pelo PCP e aprovada por unanimidade em julho de 2018
na Assembleia da República e publicada em Diário da República no mês
seguinte, previa a criação de um “regime especial e transitório de
facilitação de acesso, majoração de valor e prolongamento de duração de
apoios sociais aos trabalhadores em situação de desemprego” na ilha do
Pico.“Um ano e meio após o encerramento da
empresa, que aconteceu em 05 de maio de 2018, depois de muitas lutas
travadas pelos trabalhadores e de ter sido aprovada por unanimidade,
quer na Assembleia Regional, quer na Assembleia da República, a tão
esperada medida para a majoração dos apoios socais aos ex-trabalhadores
da Cofaco do Pico ainda não viu a luz do dia”, afirmou Vítor Silva.Quanto
às responsabilidades pelo atraso, o sindicalista alega que existe “um
jogo do empurra” entre o Governo Regional e o Governo da República.“O
Governo Regional diz que é da competência da República e o Governo da
República diz que é da competência da Região. O que nós dizemos é que
eles têm de se entender, porque os trabalhadores não podem continuar a
ser prejudicados”, frisou.A plataforma
sindical “repudia” a não aplicação da resolução e “exige uma ação e
intervenção muito mais decididas, empenhadas e concertadas das entidades
nacionais e regionais”.“Estamos perante
uma situação inaceitável e que prejudica os trabalhadores e as suas
famílias, mas acima de tudo a ilha do Pico, contribuindo para o
retrocesso social e económico das ilhas do triângulo e consequentemente
da Região”, salientou Vítor Silva.Depois
de se ter reunido com todas as forças políticas com representação
parlamentar nos Açores, com o secretário regional do Mar, Ciência e
Tecnologia dos Açores e com o Ministério de Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social, a plataforma sindical solicitou uma nova reunião com
secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia e enviou um ofício ao
Ministério do Trabalho, propondo, entre outras medidas, “a passagem à
reforma, sem penalização de um número significativo de trabalhadores com
mais de 55 anos”.