Sindicato diz que 24% dos trabalhadores nos Açores são precários
4 de dez. de 2019, 14:44
— Lusa/AO Online
“Para o Movimento Sindical Unitário Açoriano,
lamentavelmente a precariedade do emprego continua a aumentar de ano
para ano, uma vez que o emprego criado é cada vez mais precário. Os
contratos precários atingiam 23.400 trabalhadores no segundo trimestre
de 2019 (24%). Em 2015, por exemplo, eram 18.500 (21,2%)”, adiantou o
coordenador da USAH, Vítor Silva, em comunicado de imprensa. Na
semana contra a precariedade, promovida pela CGTP em todo o território
nacional, até sexta-feira, o coordenador da USAH e do Sindicato das
Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comércio e Escritórios,
Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT) salienta que a entrada no
mercado de trabalho no arquipélago é “marcada pela proliferação de
empregos precários com baixos salários”, acrescentando que essas
condições atingem também “os trabalhadores com profissões especializadas
e qualificações elevadas”. “Oito em cada
dez empregos criados em termos líquidos não tinham vínculo permanente,
significando que o emprego criado não é estável, nem tem qualidade”,
avançou.Vítor Silva alertou ainda para o
trabalho irregular, alegando que entre janeiro e setembro foram
detetados nos Açores 794 trabalhadores nessa situação, um acréscimo
superior a 100 casos, em comparação com os registados entre janeiro e
dezembro de 2018.Destes casos, 342 eram
considerados “trabalhadores fantasmas”, ou seja, sem contrato, descontos
e seguro de trabalho, tendo-se registado ainda 412 trabalhadores com
contratos irregulares e 40 com falsos recibos verdes.“A
precariedade laboral é um grave problema, que afeta, de forma cada vez
mais dura e cruel, os açorianos. Milhares de trabalhadores vivem na
nossa região na total incerteza em relação ao seu futuro. Nos Açores, os
contratos a prazo tornaram-se hoje a regra, com cada vez menos exceções
e com prazos extremamente curtos, mesmo em setores em grande expansão,
como o do turismo”, sublinhou.O dirigente sindical considerou, por outro lado, que estes números podem conduzir a um aumento do desemprego na região.“A
manter-se ou a acentuar-se a atual situação laboral nos Açores, e uma
vez que a precariedade é a antecâmara do desemprego, a médio prazo, este
acréscimo significativo da precariedade laboral determinará um novo
aumento do desemprego na região, bem como um agravamento das condições
de trabalho e uma perda de poder de compra por parte dos trabalhadores
açorianos e, como consequência, ainda mais pobreza e exclusão social”,
apontou.Vítor Silva defendeu, por isso,
que “é necessário combater a utilização ilegal dos contratos a prazo, do
trabalho temporário, da subcontratação, das falsas prestações de
serviços (os chamados recibos verdes) e as discriminações no acesso ao
emprego”, apelando ao Governo Regional para que seja “o primeiro a dar o
exemplo”, estimulando “a negociação e a contratação coletiva, na
Administração Pública e no setor privado”, e exigindo boas práticas às
empresas que recebem apoios. “Nos Açores, a
situação de precariedade generalizada, que a abundância e diversidade
de programas ocupacionais sustentam e agravam, contribui para a
existência de cada vez maior pressão sobre os trabalhadores, quer sejam
os precários devido à fragilidade do vinculo laboral, mas também sobre
os permanentes, que são forçados a todo o tipo de condições de trabalho,
com horários alargados e polivalência de funções”, sustentou.